Apesar da aprovação do voto proposto pela bancada do Bloco de Esquerda, a maioria dos deputados municipais preferiu abster-se e só houve um voto contra, por parte do deputado do PSD Fernando Gonçalves. Segundo a agência Lusa, o deputado municipal laranja afirmou tratar-se de uma iniciativa “lamentável” e que no seu entender “pôr em evidência um fenómeno destes é destruir a liberdade e os valores do 25 de Abril”.
O “fenómeno” que mereceu a oposição do deputado do PSD faz parte da luta pela igualdade e contra a discriminação e os preconceitos, realiza-se em milhares de cidades em todo o mundo e em cada vez mais localidades portuguesas. Vila Real e Funchal foram as capitais de distrito a estrearem-se no ano passado na organização de marchas LGBT.
Fernando Gonçalves ficou isolado na votação, mas não nas críticas à primeira marcha LGBT em Bragança. O seu companheiro de bancada Eduardo Malhão considerou que “não foi muito feliz a ideia de realizar esta manifestação em Bragança”. Para este deputado do PSD, a iniciativa faz passar a imagem de que Bragança “é uma cidade conservadora”, justificando com isso a sua abstenção na Assembleia Municipal.
Essa imagem de conservadorismo de que se queixa o deputado laranja acabou por ficar evidente no número de deputados municipais que aprovaram o voto de congratulação pela primeira Marcha LGBT em Bragança: apenas 18 votaram a favor e 43 abstiveram-se.
"Estamos numa cidade ainda muito tradicional e queremos trazer alguma segurança (e um espaço seguro) para as pessoas que, por algum motivo, não sentem segurança para se assumirem, caso queiram, claro”, explicou ao P3 a estudante Sara Canteiro, uma das organizadoras da marcha. "Eu acho que vai ser um choque para a cidade — ter uma marcha e uma festa — mas acho que é preciso, é preciso dar o primeiro passo”, acrescentou.
No dia 19 de maio, a marcha tem partida marcada para as 15h da Escola Superior de Educação de Bragança, seguindo-se uma festa com a atuação dos Fado Bicha nos jardins do Museu Abade de Baçal.