O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para o dia 18 de maio, considerando que “não havia meio caminho” pois “não é possível confiar e desconfiar” ao mesmo tempo do primeiro-ministro. “Este choque, não apenas legal nem político, mas sobretudo de juízo ético ou moral sobre uma pessoa e a sua confiabilidade, o primeiro-ministro, suscitou uma questão nova”, prosseguiu.
“Todos os esforços de entendimento mesmo mínimos se revelaram impossíveis. Porquê? Porque para uns, com os factos invocados e os esclarecimentos dados a confiança ética ou moral era óbvia. Para outros, com os mesmos factos invocados e os esclarecimentos dados, a desconfiança moral ou política é que era óbvia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa após receber a opinião unânime dos partidos com assento parlamentar e dos conselheiros de Estado a favor da convocação de eleições.
Na reação à declaração presidencial, Mariana Mortágua concordou que existe “um problema ético que resulta do facto de o primeiro-ministro receber avenças de uma empresa que está na sua esfera pessoal” e de recusar prestar mais esclarecimentos nem fornecer os dados e as informações dessa empresa. Isso é, considerou a coordenadora do Bloco, “matéria de facto, não é uma matéria de diferentes opiniões e é importante que estes factos ficassem clarificados para quando se escrever a história triste desta crise política, se escreva como ela realmente aconteceu”.
Sobre a data de 18 de maio para a realização das eleições, Mariana Mortágua entende que “é a data mais sensata” tendo em conta o tempo necessário para a preparação das listas e as burocracias legais que decorrem da apresentação das candidaturas, cuja data limite será o dia 7 de abril.
A coordenadora bloquista chamou ainda a atenção para o dever do Presidente da República de “garantir que o Governo não extravase as suas funções e os poderes que tem” enquanto estiver em gestão até à data da eleição, apelando ao escrutínio das ações do Governo por parte de Marcelo Rebelo de Sousa a partir da data da dissolução da Assembleia da República a 18 de março.
Para esta campanha eleitoral que se aproxima, o Bloco promete fazer “uma campanha para abrir caminhos, para resolver impasses”, nomeadamente o da crise da habitação, da saúde, dos salários, a par do reforço dos direitos de quem trabalha.