Manuel Violas tem uma empresa offshore mas paga “salários mais baixos do setor”

13 de dezembro 2021 - 12:27

O nome do empresário do grupo Solverde é exposto nos Pandora Papers. O Bloco de Esquerda de Aveiro critica-o pelas condições laborais que impõe nas suas empresas enquanto utiliza um veículo financeiro de fuga ao fisco.

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Casino de Espinho, um dos casinos do Grupo Solverde de Manuel Violas. Foto Wikimedia Commons.
Casino de Espinho, um dos casinos do Grupo Solverde de Manuel Violas. Foto Wikimedia Commons.

O presidente do grupo Solverde, Manuel Violas, foi um dos empresários portugueses descobertos com dinheiro em offshores no âmbito dos Pandora Papers. O Expresso noticiou que o empresário criou junto com a sua irmã, que também é administradora do grupo Solverde, em 4 de janeiro de 2010, a Marplex Enterprises Limited, fundo que ainda está ativo nas Ilhas Virgens Britânicas.

O Solverde é detentor dos casinos de Espinho, Vilamoura, Monte Gordo, Algarve e Chaves, de vários hotéis, para além de explorar apostas online e de patrocinar duas dezenas de clubes de futebol, acrescenta o mesmo jornal.

Esta notícia fez a distrital de Aveiro reagir, em defesa dos trabalhadores do casino de Espinho. Em comunicado, esta estrutura partidária diz que se “destapou um segredo que é sempre ilegítimo, e que mais não é do que a possibilidade de a elite se furtar às regras impostas ao cidadão comum”.

O Bloco de Esquerda de Aveiro recorda que “a empresa liderada por Manuel Violas se recusa a negociar com os trabalhadores desde 2006, quando foi estabelecido o último contrato coletivo de trabalho” e que o grupo Solverde “paga os vencimentos mais baixos do sector”, tendo nos últimos anos feito “aumentos salariais meramente simbólicos e discricionários, estando os trabalhadores do grupo a operar em péssimas condições de trabalho”.

Para além disso, enquanto os administradores deste grupo “fizeram uso dos atalhos que a elite económica encontrou para não cumprir com as suas obrigações, registaram, em 2018 e 2019, lucros de 46,7 e 46,15 milhões de euros” não corrigem “as ausências de compensação salarial pelo facto de o trabalho ser noturno (os trabalhadores recebem somente o salário mínimo nacional, não estando, portanto, refletida compensação salarial)” e também se optou “por não proceder à correção do valor pago nos dias de feriado, bem como os doze meses de subsídio de alimentação a que os trabalhadores têm direito”.

O Bloco de Aveiro dirige também a sua atenção ao governo, manifestando “total incompreensão relativamente ao protelamento da atual concessão do grupo Solverde, até 2025” porque um grupo que comete “todos estes atropelos tão graves e tão nefastos para a vida dos trabalhadores” “não poderá ser nunca merecedor de renovação de concessões de qualquer casino, depois de conhecidos”. E ao município de Espinho referindo uma “estranhíssima influência do Grupo Violas nas decisões políticas do município de Espinho, nas mais recentes décadas”.