“Manto de espuma da morte” cobre rio Tejo em Abrantes

25 de janeiro 2018 - 12:21

“Não há peixe que sobreviva a isto e os pescadores, os restaurantes e outros setores do turismo acumulam prejuízos e antecipam mais um desastre para a época da desova que se avizinha”, explica, escandalizado, o ativista ambiental Arlindo Marques.

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Armindo Silveira, vereador do Bloco em Abrantes, denuncia mais uma descarga ilegal no rio Tejo.

Um manto de espuma branca com cerca de meio metro cobriu o rio Tejo na zona do concelho de Abrantes, distrito de Santarém, junto à queda de água do açude insuflável, num cenário descrito como “dantesco” pelo movimento ambientalista proTejo e como “assustador” pela autarquia.

“Ando nisto há mais de três anos e este é um cenário dantesco e nunca visto”, disse à agência Lusa Arlindo Marques, dirigente do Movimento pelo Tejo – proTejo, que neste período tem registado e denunciado episódios de poluição no rio, partilhando-os na sua página na rede social facebook.

O ambientalista sublinhou que a “água castanha” e o “manto de espuma da morte” que cobria uma extensa parte das águas na zona de Abrantes constituíam “um dos piores cenários” jamais registados neste troço do maior rio ibérico.

“Parece o cenário de um filme, tanta espuma que mal deixa ver a água”, sublinhou, lamentando a continuação de “gravíssimos problemas ambientais, sociais e económicos”.

O ambientalista destacou “a indignação e o desespero dos pescadores” e de outros setores de atividade, referindo que, com as águas nestas condições, os peixes não vão entrar no estuário e subir o Tejo.

“Não há peixe que sobreviva a isto e os pescadores, os restaurantes e outros setores do turismo acumulam prejuízos e antecipam mais um desastre para a época da desova que se avizinha”, observou.

Contactado pela Lusa, o vereador do Ambiente na Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos, disse ter sido surpreendido por um “nível de poluição visual brutal”, uma situação “assustadora” e “acima de todos os parâmetros” ali registados.

“Não temos informação da origem”, observou, referindo que a Agência Portuguesa do Ambiente “esteve esta manhã no local a recolher amostras da água”, aguardando a autarquia por mais informações das entidades competentes.

Também contactado pela Lusa, o Ministério do Ambiente disse que a tutela está consciente da situação e continua a acompanhar “de forma muito intensa tudo o que se passa no rio Tejo”.