As sondagens dos últimos dias de campanha tinham registado o aumento da vantagem de Emmanuel Macron sobre a candidata da extrema-direita e as projeções confirmaram-nas: Macron foi reeleito Presidente com 58,55% dos votos e Marine Le Pen obtém cerca de 41,45%. Os votos brancos e nulos somaram 8,6%, semelhantes às da segunda volta das presidenciais de 2017, mas a abstenção subiu três pontos percentuais, fixando-se em 28%.
No seu discurso de vitória, Macron prometeu uma "nova era" que "não será a continuidade do quinquenato que agora termina" e afirmou querer ser o "guardião" dos votos daqueles que não votaram nele por causa das suas ideias, mas para derrotar a extrema-direita. No seu curto discurso, apelou à união dos franceses nestes "tempos trágicos" marcados pela guerra na Ucrânia.
A candidata derrotada pela segunda vez por Macron na corrida ao Eliseu também ensaiou um discurso de vitória, ao passar a barreira dos 40% dos votos "apesar de duas semanas de métodos injustos, brutais e violentos, as ideias que representamos estão a atingir novas proporções". Assegurando que não guarda "nenhum ressentimento ou rancor", Marine Le Pen diz que o seu resultado mostra bem aos dirigentes franceses e europeus "a grande desconfiança do povo francês em relação a eles, que não poderão ignorar."
Ainda no campo da extrema-direita, o ex-comentador e candidato Eric Zemmour, cujas intenções de voto caíram a pique nos últimos meses e obteve 7% dos votos na primeira volta, lembrou que "esta é a oitava vez que a derrota bate à porta do apelido Le Pen" e apelou a "alianças entre todas as direitas" nas legislativas.
"Macron é o Presidente mais mal eleito da V República"
Duas semanas após ter falhado por escassa margem a passagem à segunda volta das eleições, Jean-Luc Mélenchon viu neste resultado "uma boa notícia" por o eleitorado se ter recusado a entregar o seu futuro a Le Pen. Mas sublinhou que Macron será "o Presidente mais mal eleito da V República" e que tanto os votos nele como em Le Pen representam cada um "mais ou menos um terço" do total de eleitores. E foi a pensar na mobilização do outro terço do eleitorado que Mélenchon apelou a que não se resigne. "A terceira volta começa esta noite. As legislativas são a 12 e 19 de junho. Vocês podem derrotar Macron. Um outro mundo ainda é possóvel se elegerem uma maioria de deputados da União Popular que tem de se alargar", declarou Mélenchon, apelando ao voto para ser eleito primeiro-ministro dessa maioria.
Para que esse alargamento resulte em candidaturas comuns em junho, Mélenchon já iniciou contactos com os Verdes, o PC francês e o o Novo Partido Anticapitalista (NPA). Em comunicado, este partido congratulou-se por "o pior ter sido evitado" nesta eleição presidencial e apelou a construir "uma esquerda de combate" para as legislativas de junho. O NPA afirma-se a favor de "candidaturas de união para enfrentar a direita e a extrema-direita, na base de um programa de contestação ao macronismo e de rutura com as políticas capitalistas" e diz ser essa a razão para ter aceite o convite para a discussão dessas candidaturas com a União Popular proposta por Mélenchon.