Louçã: Moção de censura é para “combater o rotativismo PS/PSD”

02 de março 2011 - 10:27

Francisco Louçã esteve em Braga para explicar porque é que a moção de censura do Bloco se faz para “trazer para a liça novos protagonistas sociais” e para apoiar os trabalhadores do Hospital que travam “uma das mais importantes batalhas em defesa do SNS”.

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O deputado do Bloco Pedro Soares lembrou que em Braga, já em Outubro, mais de 10 mil pessoas perderam apoios sociais, 3 mil ficaram sem o RSI e 7 mil sem subsídio de desemprego. Foto Paulete Matos

O negócio com a saúde, que em Braga tem a assinatura do Grupo Mello, serviu de mote para Louçã explicar uma das razões pelas quais o partido apresenta uma moção de censura: “Contra o poder dos agiotas encartados, que recebem rendas permanentes do Estado” e que no caso do Hospital de Braga representa 800 milhões de euros”.

Primeiro, à tarde, perante uma plateia a abarrotar de trabalhadores daquela unidade de saúde, que estão a ser pressionados para quebraram o seu vínculo à função pública, e acompanhado dos deputados João Semedo e Pedro Soares, Francisco Louçã explicou a ruína da Parceria Pública-Privada (PPP) que o governo assinou com o Grupo Mello: “Está a ser construído um novo hospital, que vai ser gerido pelos Mello nos próximos 30 anos e que vai custar 800 milhões de euros, com o Estado a pagar juros de 12 a 15 por cento, quando o juro da dívida é de 7 por cento”.

Um negócio que os deputados do Bloco prometeram continuar a desmascarar no Parlamento, com o objectivo de obrigar a ministra a acabar com a “pressão ilegítima que está a ser exercida sobre os trabalhadores” para abdicarem do vínculo com o Estado e assinarem um contrato de trabalho com o Grupo Mello, sob pena de irem parar à mobilidade especial.

Francisco Louçã defendeu o fim daquela parceria, exortou os trabalhadores a não cederem e considerou que em Braga “se está a travar uma das maiores batalhas em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS)” que pode ser ganha “se a maioria não ceder”.

“Tentáculos” do rotativismo entre PS/PSD dominam economia, diz Louçã

Já à noite, no auditório da Secundária Sá de Miranda, o coordenador bloquista voltou a falar da batalha dos trabalhadores do hospital de Braga para convocar a emergência de outras lutas, “num país partido em duas metades desesperadas: a geração dos mais velhos, que já não recebem subsídio de desemprego, e a geração dos mais novos que são precários, ou não têm trabalho, mas também não têm subsídio de desemprego”.

Louçã explicou que “é também por estas gerações e para trazer à liça novos protagonistas sociais que fazemos a moção de censura”, acrescentando ainda uma terceira razão: “Tornar claro quem manda, batermo-nos pela clareza política, combater o rotativismo do PS e do PSD, que têm como centro do seu poder o sistema financeiro, cujos tentáculos dominam a economia” e fazem com que “cada opção do Orçamento de Estado seja para assegurar que eles reproduzam o seu poder”.

“A única resposta do Governo é “mais austeridade”

O resultado desta política assume no distrito de Braga toda a sua crueldade, como destacou Pedro Soares, ao afirmar que “42 por cento dos desempregados já não recebem subsídio de desemprego”.

O deputado do Bloco eleito pelo distrito lembrou que já em Outubro mais de 10 mil pessoas perderam apoios sociais, 3 mil ficaram sem o RSI e 7 mil sem subsídio de desemprego e que as instituições de solidariedade social não têm capacidade para responder a tantas solicitações, pois também muitas delas viram reduzidos os apoios do Estado.

Pedro Soares lembrou que o Governo chumbou a proposta do Bloco para a criação de um plano de emergência para o Distrito, por considerar que não era necessário, para afirmar que a única resposta do Governo é “mais austeridade”.

“Enquanto há famílias que estão a tirar os filhos da universidade” o primeiro-ministro anuncia que “vai fazer tudo para cumprir o défice de 4,6 por cento”, afirmou Pedro Soares que acusou José Sócrates de estar “tolhido pelas políticas de direita”.

Aquele deputado deu ainda dois exemplos de dois projectos que o Governo deixou cair e que são estruturais para o País: a criação de um banco público de terras e a regionalização. Sobre a criação das regiões, lembrou os dois anteriores congressos do PS onde Sócrates defendeu a sua criação, para hoje acabar a prometer uma reforma das freguesias.

Ana Bárbara Pedrosa, dirigente da Coordenadora de Jovens do Bloco, lembrou os 25 por cento de estudantes da Universidade do Minho que perderam bolsas de estudo e os 71 por cento que viram a sua bolsa reduzida, para acrescentar um verso à canção dos Deolinda ao afirmar que “para ser escravo é preciso estudar, e pagar por isso”.

A possibilidade da passagem da Universidade do Minho a fundação foi outra das críticas que marcaram a intervenção daquela dirigente, que acusou o Governo de querer transformar as universidades em “escolas de elite e máquinas ao serviço do capitalismo”.  

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