"É a primeira vez na história que uma quantidade tão grande de cientistas galardoados com o Nobel em várias disciplinas vêm a público defender a Ciência", sublinhou ao jornal Página 12 o ex-ministro argentino da Ciência e anteriormente também da Educação, Daniel Filmus.
Numa carta aberta a Javier Milei, 68 cientistas distinguidos com o Nobel em Medicina, Física, Química e Economia dão conta da sua "profunda preocupação" com a eliminação do Ministério da Ciência e Tecnologia e os despedimentos massivos de funcionários de institutos ligados à ciência em toda a Argentina.
"Observamos como o sistema argentino de ciência e tecnologia se aproxima de um perigoso precipício e estamos consternados com as consequências que esta situação pode ter tanto para o povo argentino como para o mundo", escrevem os 68 cientistas, entre os quais figuram os Nobel da Medicina Richard Roberts, Andrew Fire y Robert Horvitz e o Nobel da Física Steven Chu, que foi o responsável pela pasta da energia nos EUA na administração Obama.
"Se não fossem a ciência e os cientistas argentinos", continua a carta, "faltar-nos-iam os conhecimentos e a tecnologia que permitem a um país alimentar tanto o seu próprio povo como uma grande parte do mundo". E acrescenta que a Argentina "é o único país da região que desenvolveu a sua própria vacina contra a Covid-19, construiu e lançou satélites de comunicações e concebeu e construiu reatores nucleares de nova geração" que não só foram exportados como também oferecem alternativas para uso médico. Tudo isso são avanços que só foram possíveis graças ao apoio público à investigação.
Os subscritores apelam por isso a Milei para que restabeleça o financiamento agora cortado à Ciência e Tecnologia argentina. Daniel Filmus acrescenta que o orçamento para o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet) é de apenas 0,1% do Orçamento de Estado e que com esse valor mínimo os cientistas argentinos conseguem dar valiosos contributos tanto a nível nacional como mundial.