Jorge Falcato considera que “neste momento, todas as manifestações são importantes”, mas salienta que “esta manifestação [de 1 de junho] tem um caráter diferente que é o facto de ser uma manifestação internacional”.
Falcato lembra que “esta crise não é uma crise de Portugal, é uma crise mundial e europeia” e sublinha a “grande adesão a nível europeu a esta manifestação”, considerando “que desse ponto de vista é um êxito”.
O ativista lembra que “este governo não cai por estarmos sentados no sofá a refilar com a televisão, nem no café a refilar com os amigos” e aponta: “É preciso dar o passo que é sair à rua e juntar-se a um movimento que é coletivo de exigência de demissão deste governo”.
Questionado sobre como é que a política do governo tem afetado as pessoas deficientes, Jorge Falcato afirma: “As medidas do governo afetaram as pessoas deficientes como afetaram as outras pessoas. Só que as pessoas com deficiência têm uma situação de vida já muito degradada. Para que se saiba, as pessoas com deficiência que não podem trabalhar e recorreram a uma pensão social recebem 212 euros por mês. Com 212 euros não se vive”.
Jorge Falcato diz que “há dificuldades muito grandes nas pessoas com deficiência porque são pessoas que são discriminadas, que não têm acesso ao emprego, têm uma taxa de desemprego muito maior que o resto da população”, voltando a sublinhar que “é o agravar de uma situação que já é grave”.
E exemplifica: “Uma pessoa com deficiência tinha direito a transporte para ir fazer tratamentos, fisioterapia... agora estes transportes são praticamente inexistentes”.
Jorge Falcato refere também que “para as pessoas deficientes que trabalham havia também a necessidade de aumentar as deduções fiscais”, lembra que “o movimento de deficientes indignados levantou esta questão ao ministério das finanças”, mas “nunca tivemos resposta”.
Falcato sublinha ainda que “as pessoas com deficiência têm custos acrescidos enormes no seu dia-a-dia”, referindo que esses custos estão estimados em mais de 30.000 euros anuais, “que não são compensados”.
Entrevista realizada por Carlos Santos e Nino Alves