Autárquicas

João Moniz quer duplicar parque público de habitação em Aveiro

10 de outubro 2025 - 10:10

O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Aveiro diz que a política do atual executivo tem sido a de “alavancar a especulação imobiliária como o grande fator de atração de investimento no concelho”.

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João Moniz
João Moniz é o candidato do Bloco à Câmara de Aveiro

O investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e atual deputado municipal João Moniz encabeça a lista do Bloco de Esquerda à Câmara de Aveiro. O Esquerda.net falou com ele sobre o balanço dos últimos quatro anos e as propostas que traz à campanha.

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Qual o balanço dos últimos quatro anos do mandato do Bloco em Aveiro?

Temos feito um trabalho muito importante, não só nos últimos quatro anos, mas nos últimos oito anos. Neste momento temos dois eleitos na Assembleia Municipal, temos vários eleitos em várias freguesias e somos o partido mais propositivo nos locais onde temos representação. Do nosso ponto de vista o balanço é muito positivo. 

No entanto, a política da Câmara tem seguido uma política de requalificação urbana que tem como principal objetivo não o bem comum através de habitação pública, mas alavancar mais-valias, ou seja, ajudar a especulação imobiliária. E isso tem tido consequências: Aveiro tem rendas muito altas, os salários não acompanharam o crescimento das rendas ou do preço de aquisição de casa. Muitas famílias falam connosco e dizem que os custos no dia a dia com a habitação são muito onerosos no seu rendimento mensal. Alavancar a especulação imobiliária como o grande fator de atração de investimento para o concelho tem sido a política da Câmara.

O que é que pode mudar com um vereador do Bloco e reforço da representação na Assembleia Municipal e nas freguesias?

Nós apresentámos um plano de duplicação do parque público de habitação em Aveiro. Neste momento existem cerca de 870 casas públicas, a maioria da autarquia e outras do IHRU. Queremos construir 800 a 900 casas num prazo de dez anos, o que até nem é muito ambicioso. É preciso criar uma rede pública de creches e de lares. Aveiro tem listas de espera intermináveis para cuidados à infância e a resposta para pessoas mais idosas é inexistente. 

Outras duas bandeiras são a remunicipalização dos transportes públicos, que em 2017 foram concessionados a uma empresa francesa, a Transdev, e o que assistimos foi uma degradação brutal do serviço: menos carreiras, menos autocarros, pessoas à espera de autocarros que não chegam, paragens de autocarros sem condições mínimas de proteção e conforto… Queremos também políticas de mobilidade mais alargadas, como um sistema de bicicletas gratuitas - que já existiram e queremos que volte a existir - e políticas intermunicipais de mobilidade. A outra grande bandeira é avançarmos com a criação de um Parque Natural da Ria de Aveiro. A Ria de Aveiro tem sido completamente desvalorizada ao longo destes anos e corre sérios riscos devido às alterações climáticas - Aveiro é uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas. É preciso garantir que este ecossistema único é protegido e isso é feito criando instrumentos de gestão do património natural que não existem neste momento. E o Parque Natural da Ria de Aveiro será esse instrumento que irá proteger este ecossistema único.