"Fomos fazer a recolha de preços para compararmos com os preços de ontem [segunda-feira], e percebemos que o impacto [da medida IVA 0%] não foi um impacto a 100%", afirmou Rita Rodrigues, diretora de comunicação da Deco Proteste, em declarações à agência Lusa.
A associação de defesa do consumidor analisou os preços de 41 produtos com IVA zero e conclui que, após a aplicação da medida, há "3,20 euros que não estão a ser repercutidos ao consumidor", já que a diferença fixou-se em 4,76 euros, quando deveria ascender a 7,85 euros.
Esta discrepância deve-se ao facto de dois produtos terem, inclusive, aumentado de preço. a carne para cozer e a couve-coração. Ainda que os preços dos restantes artigos tenham baixado, “nem todos baixaram 6%", acrescentou Rita Rodrigues.
Em declarações à TSF, a diretora de comunicação da Deco detalhou estas oscilações: "A grande maioria dos produtos baixou de preço, mas há uma diminuição de apenas 3,36%. A única exceção são dois produtos: a carne de novilho para cozer e a couve-flor que aumentaram o preço. A verdade é que não baixou o preço na proporção de 6%, ou seja, houve uma alteração ao nível do preço base que, deixando de aplicar os 6% de IVA e aplicando 0%, não tem a repercussão desejada".
Rita Rodrigues explicou que não foi possível determinar com exatidão a razão para o aumento dos preços.
"Na prática, quer dizer que por alguma razão os preços subiram e que o IVA zero está a ser aplicado, mas sobre uma base superior. Nos produtos em que o preço não só não diminuiu, como aumentou, nós sabemos que têm oscilações normais, até porque são produtos frescos, portanto, poderá estar justificado. Quando nós falamos num cabaz, não conseguimos encontrar, mas não significa que não exista, uma razão transversal e permita tirar esta conclusão para todo o tipo de produtos", referiu.
O preço dos 41 produtos analisados pela Deco totalizava 138,77 euros na segunda-feira. Com a medida IVA 0% esse valor deveria descer para 130,92 euros. Contudo, esta terça-feira, já com a aplicação da medida, o valor total dos 41 produtos era de 134,11 euros.
A medida que isenta de IVA um cabaz de 46 alimentos considerados essenciais entrou terça-feira em vigor, tendo o retalho alimentar 15 dias para refletir esta isenção nos preços de venda ao público.