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Israel acusa organizações pró-boicote de terrorismo

Um relatório divulgado este domingo pelo Ministério de Assuntos Estratégicos israelita acusa as organizações que defendem o boicote ao Estado de Israel de terem “ligações terroristas”. BDS considera que o documento "nem merece resposta".
Hebron, Janeiro de 2018, junto a um checkpoint. Fotografia de Ana Bárbara Pedrosa.
Hebron, Janeiro de 2018, junto a um checkpoint. Fotografia de Ana Bárbara Pedrosa.

O relatório, intitulado “Terroristas disfarçados”, afirma que o Hamas e a FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina) infiltram militantes em organizações da sociedade civil. Estes movimentos são considerados terroristas por Israel.

Este documento defende que o boicote é uma tática complementar a supostos ataques sobre Israel e que o objetivo será “eliminar o Estado de Israel”.

Aliás, Gilad Erdan, ministro dos Assuntos Estratégicos, afirma através de um comunicado que “Após mostrar mais de 100 vínculos entre grupos terroristas e organizações líderes da campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), insto todos os governos e instituições financeiras a investigarem as atividades destas”. Para mais, critica o facto de algumas organizações terem recebido fundos de países europeus ou mesmo da União Europeia.

O movimento BDS, que tem o objetivo de garantir o respeito pelos Direitos Humanos dos cidadãos palestinianos, é considerado “anti-israelita” e ilegítimo. O movimento defende que o desrespeito de leis universais perpetrado por Israel obrigue o país a encarar sanções, assim como defende o boicote até que os territórios palestinianos deixem de estar ocupados por Israel.

Em 2018, Israel fez uma lista de cerca de 20 organizações internacionais cujos membros estão impedidos de entrar em Israel por apoiarem o BDS. Entre outros, o Centro Palestiniano pelos Direitos Humanos, de Gaza, é apontado como tendo “ligações terroristas”.

O movimento BDS, por sua vez, recusando-se a comentar as alegações individuais, considerou o relatório “altamente fabricado”: “Este altamente fabricado relatório de propaganda reciclada do governo de extrema-direita israelita nem pode ser dignificado com uma resposta”.

A maior parte dos casos do relatório de 80 páginas baseou-se em acusações vagas de afiliação ou expressão de simpatia por grupos de militantes, em alguns casos ligados a atos ocorridos há anos.

Por exemplo, uma palestiniana citada está presa por Israel há mais de um ano sem ter recebido a acusação de um crime. Pelo menos duas pessoas da lista já receberam reconhecimentos internacionais pelos seus trabalhos na área dos direitos humanos.

Este domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou ainda o início da construção de uma nova barreira ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, de 6 metros de altura e 65 quilómetros de comprimento.

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