No que está a ser visto como um novo capítulo das revoltas que ficaram conhecidas como a "Primavera Árabe", vários protesto surgem na região. E esta sexta-feira, muitos iraquianos voltaram às ruas depois de, no início do mês, uma primeira vaga de protestos que durou cinco dias ter sido reprimida. Então 157 pessoas morreram segundo o governo.
Depois de uma pausa durante as peregrinações xiitas, houve novamente protestos massivos e vítimas mortais. No sul do país, nomeadamente em Nassíria e Diwaniya, houve ataques contra instituições e sedes de partidos aliados do governo. Um incêndio na sede de uma milícia causou 12 mortes.
Na capital do país, a praça Tahrir esteve cheia e centenas de manifestantes acamparam passando aí a noite. Os manifestantes foram impedidos de entrar na chamada“zona verde”, onde estão embaixadas ocidentais e edifícios governamentais, tendo sido dispersados a tiros reais, com canhões de água e gás lacrimogéneo. Em Bagdad morreram na sexta-feira 8 pessoas, fazendo assim chegar aos 42 o total de mortos nesse dia. Houve também mais de dois mil feridos segundo o Alto Comissariado Iraquiano para os Direitos Humanos.
A repressão não travou a contestação e este sábado houve novos disparos de gás lacrimogéneo para afastar as pessoas que tentavam derrubar as barreiras que as forças policiais colocaram numa ponte de forma a impedir que manifestantes, sobretudo jovens, cheguem perto de zonas de alta segurança. Há notícia de mais dois mortos e de 26 feridos nesta ocasião.
Os iraquianos exigem democracia, a “queda do regime dos ladrões”, o fim da corrupção e condições de vida dignas com emprego, eletricidade e água potável. O primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi tinha tentado responder à contestação na véspera do reinício da contestação dizendo que vai reestruturar o governo e fazer reformas. Não convenceu os jovens que se manifestam. Um dos quais declarou à agência Reuters que “o governo tem-nos roubado há 15 anos. Saddam foi e mil Saddams têm estado escondidos na Zona Verde”.