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Fundos “pagam” para financiar a Alemanha

A crise do euro tem permitido à Alemanha, a par de outros países,como o Reino Unido, Suíça, Dinamarca e EUA, obter financiamento com taxas negativas em dívidas de longo prazo. Segundo explica Peter Schaffrik, citado pelo Jornal de Negócios, os fundos "estão interessados em assegurar o retorno do seu dinheiro, mais do que garantir um retorno para o seu dinheiro”.
Fotografia de ILRI.

Na passada sexta feira, a dívida pública alemã a dois anos foi negociada, pela primeira vez, a uma rendibilidade implícita inferior a zero. A Alemanha juntou-se assim ao grupo de países que conseguem financiar-se a taxas negativas em dívidas de longo prazo.

Os fundos chegam, atualmente, a “pagar” para financiar a Alemanha, emprestando-lhe dinheiro à taxa de -0,02%.

Segundo Peter Shaffrick, analista do RBC Capital Markets, de Londres, estas entidades "precisam de armazenar parte ou todo o seu dinheiro num veículo seguro, não querem saber se a rentabilidade é baixa ou até mesmo negativa”.

"Os investidores estão interessados em assegurar o retorno do seu dinheiro, mais do que garantir um retorno para o seu dinheiro”, avança ainda o analista.

Enquanto os fundos aceitam receber menos dinheiro do que aquele que aplicaram quando estão em causa os países do núcleo da Europa, como a Alemanha, no que respeita aos denominados “países da periferia” a situação já é  muito diferente.

Segundo a Bloomberg, estão a ser aplicadas taxas recordes no financiamento da dívida pública a dois anos de países como Portugal (9,84% - ainda que não constitua um valor real, na medida em que o país não está atualmente a emitir dívida de longo prazo), Irlanda (6,52%), Espanha (4,82%) e Itália (4,19%).

O próprio programa de assistência financeira firmado entre a troika e Portugal implica o pagamento de juros avultados.

O empréstimo de 78 mil milhões de euros vai custar a Portugal 34,4 mil milhões de euros só em juros. O dinheiro proveniente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira tem uma maturidade (duração) média de 12 anos, a uma taxa de juro média de 4%. Já o do FMI fica mais caro (5% de taxa de juro média) e vence em média daqui a sete anos.

Mas para além dos juros também há comissões a pagar pelo negócio, uma parcela das contas que sempre foi omitida do conhecimento público até outubro de 2011. Até 2013, o país vai entregar à troika 655 milhões só a título de comissões.

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