A Associação Internacional Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo (ILGA) anunciou ter “ouvido e compreendido o “descontentamento significativo e legítimo relativamente à candidatura de uma organização membro para acolher a Conferência Mundial em Telavive, Israel, em 2026 ou 2027”. E que em resposta a esse descontentamento reuniu de emergência a sua comissão mundial, que decidiu por unanimidade afastar a candidatura proposta pela organização israelita Aguda.
A proposta deveria ser votada na próxima Conferência Mundial da ILGA, a ter lugar entre 11 e 15 de novembro na Cidade do Cabo, na Africa do Sul. Uma das principais figuras a intervir, o sul-africano antigo secretário-geral da Ilga, Phumi Mtetwa, anunciou que não iria estar presente porque “Apartheid é Apartheid, e não há espaço para negociação ou tolerância, especialmente dentro do movimento LGBTQI+”. Outros dirigentes da organização também se manifestaram contra a candidatura que consideram “uma tentativa flagrante de fazer pinkwash [apropriação do movimento para uma agenda própria] a crimes de guerra que não representa o nosso movimento, que é fortemente solidário contra qualquer opressão”.
Israel
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Gabriel Semerene
No mesmo comunicado, o comité mundial da ILGA pede desculpas às suas organizações e membros, especialmente os sul-africanos, reconhecendo que “a mera possibilidade de votar uma tal proposta no seu país de origem teria sido contrária à solidariedade inequívoca para com o povo palestiniano”. E promete alterar os critérios de aceitação de futuras candidaturas para evitar situações semelhantes.
Além de afastar a candidatura, o comité mundial da ILGA diz estar também a rever a compatibilidade da organização israelita - a Aguda - com as suas regras e decidiu suspendê-la enquanto decorre o processo.
Para a campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel (BDS), a decisão final da ILGA não pode ser outra do que a expulsão da Aguda, atendendo ao seu histórico de “pinkwashing” dos crimes de guerra, “chegando ao ponto de definir o exército israelita como ‘um dos mais progressistas do mundo’ no que diz respeito à aceitação LGBTQIA+ durante o genocídio israelita, além de promover atividades nos colonatos ilegais de Israel na Cisjordânia palestiniana”.
“Agradecemos às muitas organizações sul-africanas e a todos os membros da ILGA que reconheceram de imediato a proposta de Aguda pelo que era, uma tentativa de pinkwashing os crimes de guerra, os crimes contra a humanidade e o genocídio de Israel, e pressionaram a ILGA a fazer melhor”, conclui a campanha BDS.