Num vídeo publicado esta segunda-feira nas redes sociais, gravado no seu gabinete da vice-presidência do Governo espanhol, o líder do Podemos anunciou a sua saída do executivo para se candidatar à presidência do Governo da Comunidade Autónoma de Madrid. O atual executivo madrileno, liderado por Isabel Diaz Ayuso e sustentado pelo Vox e Ciudadanos, perdeu o apoio deste último e convocou eleições para 4 de maio. “A nova tentativa de aliança entre o PSOE e o Ciudadanos desencadeou um terramoto político” e isso abriu “o risco de um governo de ultradireita com Ayuso e com o Vox”, afirmou Pablo Iglesias.
“A 4 de maio decide-se se a ultradireita concretize o seu assalto a Madrid ou se os paramos. Há que impedir que estes delinquentes, estes criminosos que reivindicam a ditadura possam ter todo o poder em Madrid, com tudo o que isso implica para todo o país”, prosseguiu o líder do Podemos, apelando à “responsabilidade e à humildade” dos seus ex-companheiros dissidentes do Podemos em nome da unidade da esquerda e propondo ao Más Madrid uma candidatura única ao governo da Comunidade Autónoma.
Iglesias fez um balanço dos sete anos desde a fundação do Podemos, passando pelas coligações de governo em várias comunidades autónomas e a participação no primeiro governo de coligação desde a transição espanhola e enunciando algumas das conquistas alcançadas para proteger as pessoas.
“O bipartidarismo não vai regressar, mas a democracia está ameaçada por uma nova direita trumpista, bem colocada no estado profundo e impulsionada por enormes poderes económicos e mediáticos”, afirmou o líder do Podemos, dizendo-se pronto a “enfrentar essa direita criminosa”.
“Yolanda Díaz pode ser a próxima presidente do governo de Espanha”
Na sua mensagem, Iglesias fez ainda uma passagem de testemunho enquanto protagonista da Unidas Podemos no Governo e na política nacional, entregando-o à “melhor ministra do Trabalho da história de Espanha”. “Yolanda Díaz pode ser a próxima presidente do governo de Espanha”, assegurou.
— PODEMOS (@PODEMOS) March 15, 2021
A reação do lado do Más Madrid, o partido liderado por outro fundador do Podemos, Iñigo Errejón, veio pela voz da deputada madrilena Mónica Garcia em declarações ao canal televisivo La Sexta. Sublinhando que preferiria que a proposta lhes tivesse sido apresentada antes, em vez de ser usada para a “política-espetáculo”, Mónica Garcia afirmou que o seu partido sempre esteve aberto ao diálogo com todos. “O que é urgente e prioritário é que a Sra. Ayuso não continue com o seu roteiro de governar com a extrema-direita”. Também do lado dos Anticapitalistas, outra corrente fundadora que saiu do Podemos, a primeira reação do ex-deputado madrileno Raul Camargo veio no mesmo sentido. “Tirar Ayuso é a chave, como o fazer é decisivo para o conseguir”, afirmou Camargo, anunciando que os militantes madrilenos irão reunir no sábado para decidir a sua posição face às próximas eleições.
O coordenador da Izquierda Unida, aliada eleitoral do Podemos, veio congratular-se com a decisão de Iglesias. Para alberto Garzón, “o passo que dá hoje ao apresentar-se como candidato a Madrid para travar a ultradireita é de uma valentia e responsabilidde histórica”.
A propaganda do Podemos já deu o tiro de partida para o que será um dos seus pontos fortes da campanha: capitalizar a experiência governativa de Iglesias, contrapondo-a à de Ayuso.
TRUMPISMO O POLÍTICA ÚTIL. #SíSePuede pic.twitter.com/7MS0Y8ZOHd
— PODEMOS (@PODEMOS) March 15, 2021
E do lado de Díaz Ayuso, a primeira reação nas redes sociais também antecipa o tom da sua campanha para o eleitorado madrileno:
COMUNISMO O LIBERTAD.
4 de mayo.
— Isabel Díaz Ayuso (@IdiazAyuso) March 15, 2021