Hungria considera “provável” segunda inundação de lamas tóxicas

09 de outubro 2010 - 17:25

A cidade húngara de Kolontar, localizada na área afectada pela maré vermelha de lamas tóxicas que já causou a morte a pelo menos sete pessoas, foi evacuada este sábado pelas autoridades, que receiam um novo derrame de lixo tóxico.

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A organização ecologista Greenpeace recolheu amostras das lamas na cidade de Kolontar, perto do reservatório que rebentou.

Os especialistas temem que as paredes dos reservatórios não aguentem a pressão e se desmoronem, afirmou à agência AP o porta-voz do gabinete de gestão da crise, Tibor Dobson. Todavia, não há notícia de nova fuga de resíduos do reservatório de uma fábrica de alumínio, disse Dobson.

A evacuação de Kolontar, localidade com cerca de 800 habitantes, aconteceu este sábado antes do amanhecer.

“O reservatório está de tal maneira danificado que pode voltar a ceder”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, a jornalistas na localidade de Ajka, na região afectada.

“Se o dique do reservatório ceder, são 500 mil metros cúbicos que são derramados. São visíveis várias fissuras na parte norte do reservatório”, acrescentou o chefe do governo, que considerou a situação “dramática”.

Sobre as consequências jurídicas da catástrofe ecológica, o primeiro-ministro afirmou que “vai começar uma nova era em que as coisas vão ser geridas de maneira diferente e em que vai haver consequências”.

A maré de resíduos tóxicos começou segunda-feira quando se deu uma rutura num reservatório de uma fábrica de alumínio na cidade de Ajka (160 quilómetros a oeste de Budapeste), derramando mais de um milhão de metros cúbicos de lama tóxica sobre sete localidades próximas.

Segundo as autoridades, até ao momento ficaram feridas 120 pessoas, e sete morreram, tendo a maré chegado já ao rio Danúbio.

Greenpeace afirma que Governo húngaro subestimou perigos ecológicos

A organização ecologista Greenpeace recolheu amostras das lamas na cidade de Kolontar, perto do reservatório que rebentou, e enviou-as para dois laboratórios privados para análise. 

A organização alertou esta sexta-feira para os efeitos duradouros deste derrame, que “contém uma mistura altamente tóxica de metais pesados”, cita o jornal Público.

“Devemos partir do princípio que quatro mil hectares de solos estejam agora inutilizados para a agricultura”, disse Herwig Schuster, químico da Greenpeace. “Achamos estranho que as autoridades húngaras não tenham informado as vítimas para os perigos das substâncias contidas nas lamas”, acrescentou.

Embora as autoridades não tenham detectado valores fora do normal de metais pesados ou mercúrio, a Greenpeace diz que omitiram os valores relativos ao crómio e arsénio, que estão duas vezes acima do normal. “Não sabemos quando é que eles realizaram os testes e como. Os nossos dados são muito diferentes”, comentou o director da Greenpeace na Hungria, Zsolt Szegfalvi.

“Esta poluição coloca um risco a longo prazo para os lençóis freáticos e para o ecossistema”, alertou a Greenpeace. Toda a vida no rio Marcal, um afluente do rio Danúbio, morreu por causa do derrame e há relatos de peixes mortos nos rios Raba e Mosoni-Danúbio, outros dois afluentes.