"Hoje temos uma maioria absolutíssima do PS e do PSD"

25 de fevereiro 2011 - 0:03

"Não há ninguém, tirando o engº Socrates, que não reconheça que este governo merece ser censurado", afirmou José Manuel Pureza no debate sobre a moção de censura realizado esta quinta-feira em Coimbra.

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Dezenas de pessoas participaram no debate que teve lugar no histórico café Santa Cruz, na baixa da cidade

 

Dezenas de pessoas participaram no debate que teve lugar no histórico café Santa Cruz, na baixa da cidade. O deputado bloquista eleito por Coimbra apresentou as razões para censurar o governo e comentou a reacção de muitos comentadores à iniciativa do Bloco. "São os mesmos comentadores que na véspera do anúncio da nossa moção estavam a discutir quando é que o PSD a deveria apresentar", recordou José Manuel Pureza. "O Bloco estragou-lhes o jogo", concluiu.

"Hoje temos uma maioria absolutíssima do PS e do PSD na condução das políticas essenciais, ao mesmo tempo que se acusam mutuamente e atribuem ao outro as responsabilidades pelo estado em que deixaram o país", afirmou Pureza para defender a necessidade de clarificação deste "nevoeiro político".

O líder parlamentar bloquista lembrou ainda que "esta é a 27ª moção de censura da democracia portuguesa e apenas uma derrubou um governo". E acrescentou que julga ser muito significativa "a corrida entre PSD e CDS para ver qual chegava primeiro para segurar o engº Sócrates".

José Manuel Pureza elencou também as razões da moção de censura, dizendo que os 770 mil desempregados que existem no país significam não apenas a "desgraça social" que está à vista, mas também "um desperdício de recursos extraordinário". A subida do desemprego prevista esta semana pelo Banco de Portugal e a subida em flecha da precariedade nos últimos anos foram outros elementos que ajudam a entender, na opinião do deputado, que hoje em dia "todos temos bem a noção do apodrecimento da vida económica e social portuguesa", bem reflectido "num exército de desemprecários que hoje representa metade da força de trabalho em Portugal" ou no "sacrifício duma geração e das gerações a seguir, cujo horizonte é não ter trabalho ou entrar na experiência laboral sem direitos mínimos".

A propósito da situação financeira do país, Pureza afirmou que um terço dos credores vêm da banca nacional. "Esta chantagem dos mercados sobre as despesas socials é feita por entidades que bem conhecemos. Os especuladores não estão lá fora. Estão aqui". E acrescentou que os quatro maiores bancos privados portugueses aumentaram os lucros em 2010 e pagaram menos imposto que no ano anterior. "O BPI teve mesmo um crédito fiscal e vai cobrar-nos mais de 5 milhões de euros", concluiu o deputado.

O debate com o público centrou-se também na oportunidade da apresentação da moção de censura, com o dirigente bloquista a dizer que "qualquer iniciativa desta natureza é um gesto arriscado" e que hoje há a certeza que a censura a este governo é partilhada pela maior parte da população.

"Estamos a assistir a uma quebra do contrato social pela mão do PS e do PSD: a primeira vez que Sócrates e Passos Coelho se sentaram à mesa foi para reduzirem o subsidio de desemprego. Agora querem o embaratecimento dos despedimentos com o supremo cinismo de porem o trabalhador despedido a pagar o seu despedimento", resumiu o líder da bancada do Bloco em São Bento.

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