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“Há polícias com tatuagens neonazis e organizações nada fazem”

O vice-presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia critica as instituições policiais por nada fazerem para “expurgar estes tumores” presentes nas forças de segurança.
Vice-presidente da ASPP critica inação das instituições policiais em relação aos agentes abertamente racistas e xenófobos.Foto PSP

Em entrevista ao Diário de Notícias, Manuel Morais, membro do Corpo de Intervenção e vice-presidente da ASPP, fala da sua tese de mestrado em Antropologia acerca da ação policial em bairros como a Arrentela, Quinta da Princesa ou Jamaica, na margem Sul do Tejo.

Morais defende que “qualquer indício de racismo ou xenofobia deveria ter efeito de exclusão imediata do candidato”, ao contrário do que acontece atualmente, com “elementos das várias forças de segurança que exteriorizam as suas ideias racistas e xenófobas, usam tatuagens e simbologias ‘neonazis’, pertencem a grupos assumidamente racistas”.

“Isto é do conhecimento de todos e infelizmente as organizações nada fazem para expurgar estes tumores do seio das forças de segurança”, prossegue Manuel Morais, lançando a questão: “Pergunte-se à IGAI, à PSP, à GNR, à Guarda Prisional ou a qualquer outra força, o que fazem quando são detetadas estas situações? Nada, não fazem nada”, responde.

O preconceito policial nas ações dos bairros periféricos é uma realidade, e Manuel Morais espera que o seu trabalho académico possa contribuir “para que se alterem os programas das duas escolas de polícia (…) no sentido de desconstruir este tipo de preconceitos (étnicos, religiosos, de género…)”

Esta terça-feira tem início o julgamento dos 17 agentes policiais acusados de tortura e racismo contra seis jovens no interior da esquadra de Alfragide. Entre eles estavam membros da associação Moinho da Juventude que haviam sido elo de ligação entre a PSP e a comunidade da Cova da Moura. Apesar de todos os agentes terem sido afastados do comando da Amadora, o policiamento de proximidade naquela zona está suspenso desde o dia das agressões, em fevereiro de 2015.

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