Greta Thunberg acusa Bruxelas de desistir do Acordo de Paris

04 de março 2020 - 20:05

O projeto de lei climática apresentado pela Comissão Europeia no dia da visita da ativista sueca a Bruxelas mereceu duras críticas da esquerda e dos ambientalistas.

PARTILHAR
Greta Thunberg no Parlamento Europeu
Greta Thunberg esteve esta quarta-feira no Parlamento Europeu. Foto Parlamento Europeu/Flickr CC-BY-4.0: © UE 2020

“Vocês estão a admitir que desistem, do Acordo de Paris, das vossas promessas e de fazer o que puderem para assegurar um futuro às vossas próprias crianças”, afirmou Greta Thunberg esta quarta-feira aos eurodeputados. “Esta lei climática é uma rendição. A Natureza não negoceia e vocês não podem fazer acordos com a física”, prosseguiu a ativista, referindo-se ao texto apresentado pela Comissão Europeia.

Também o GUE/NGL, o grupo parlamentar onde têm assento o Bloco de Esquerda e o PCP em Estrasburgo, criticou a proposta da Comissão liderada por Ursula von der Leyen. Em comunicado, a co-presidente do GUE/NGL e eurodeputada da França Insubmissa, acusa a Comissão de propor “uma lei climática que adia a definição de uma trajetória para a neutralidade carbónica vinculativa e que não aborda as causas que estão na origem do caos climático, como os subsídios aos combustíveis fósseis e o livre comércio”. “Como é que os responsáveis da UE, que gostam tanto de aparecer na fotografia, se atrevem a olhar nos olhos Greta Thunberg e outros jovens esta semana ao mesmo tempo que propõem uma lei climática que trai o seu apelo à ação?”, questionou Manon Aubry.

Por seu lado, Martin Schirdewan, eurdeputado do Die Linke e co-presidente do GUE/NGL, apontou baterias ao alvo temporal da Comissão para atingir a neutralidade carbónica: o ano de 2050. Isso quer dizer que Europa “abandona a sua ambição de limitar o aquecimento ao limite definido no Acordo de Paris, despejando essa responsabilidade nos países em desenvolvimento”, afirmou o eurodeputado da esquerda alemã. Schirdewan defende que a noção de “zero líquido” nas emissões não passa de um esquema para continuar a explorar combustíveis fósseis nas próximas décadas, quando o que é necessário são “metas anuais vinculativas a partir deste momento”.

Uma opinião partilhada por ambientalistas como Imke Lübbeke, responsável pela área de energia e clima do gabinete europeu do World Wide Fund For Nature (WWF). “Esta proposta é apenas uma bússola que aponta na direção da neutralidade climática. Precisa de impulsionar reduções enormes de emissões, a começar hoje”, afirmou a ambientalista, citada pela Euronews.