Governo é "bom aluno" a "despejar" dinheiro público nos bancos

04 de junho 2012 - 13:45

O deputado do Bloco Pedro Filipe Soares defende que a "única matéria" em que o Governo provou ser "bom aluno" perante a troika foi em "despejar dinheiro" nos cofres dos bancos, sem garantia de que isso tenha impacto na "criação de emprego".

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"Temos aqui um processo de privatização de dinheiro público, que afinal é a grande vitória que o Governo diz ter alcançado neste exame", defende Pedro Filipe Soares. Foto de Paulete Matos.

Para o Bloco de Esquerda, a "única matéria" em que o Governo provou ser "bom aluno" perante a troika foi em "despejar dinheiro" nos cofres dos bancos, sem garantia de que isso tenha impacto na "criação de emprego". Em declarações à imprensa, o deputado do Bloco Pedro Filipe Soares condenou ainda que o Governo não se tenha demarcado das declarações de António Borges, segundo as quais diminuir os salários não é uma política mas "uma urgência".



"O Governo fica contente porque diz ter passado, nas palavras de Vítor Gaspar, no exame da 'troika'. Na prática, a única matéria em que o Governo prova ser um bom aluno é em despejar dinheiro público nos cofres dos bancos privados", afirmou o deputado Pedro Filipe Soares, citado pela Lusa.



Numa reação à quarta avaliação da troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia), o Bloco critica que o Governo só exija "que 60 milhões cheguem à economia, que é algo de irrisório para as necessidades que a economia tem, para a criação de emprego", de entre os seis mil milhões de euros.



"Temos aqui um processo de privatização de dinheiro público, que afinal é a grande vitória que o Governo diz ter alcançado neste exame", defendeu.



O BCP, BPI e Caixa anunciaram hoje que irão pedir empréstimos ao Estado no valor de 6.650 milhões de euros, dos quais 5 mil milhões virão do programa de ajuda externa a Portugal. Por saber fica ainda se o Banif irá ou não concretizar o recurso ao plano de recapitalização que, recorde-se, tem 12 mil milhões de euros disponíveis no âmbito do acordo de ajuda externa que Portugal assinou com a troika.



Pedro Filipe Soares criticou Vítor Gaspar por este não ter condenado as palavras de António Borges, que disse que “o caminho é a redução de salários", argumentando que o ministro "está com certeza a brincar com os cidadãos e a não levar a sério a necessidade de aumento do rendimento das pessoas, de criação de emprego, de crescimento”.



"O que o Governo está a fazer é dizer que é mesmo um objetivo deste Governo, de Vítor Gaspar, Passos Coelho e Paulo Portas, reduzir os salários dos portugueses, que já são dos mais baixos da Europa", afirmou.