O coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda defendeu que o governo trata os trabalhadores como peças descartáveis. “Eles têm uma ideia e uma única ideia: o trabalhador é um parafuso. Está gasto, deita-se fora, é como um trapo velho, não existe na sociedade”, afirmou Francisco Louçã, adiantando ainda que a obsessão do governo é tornar mais barato o despedimento e banalizar o desemprego, políticas que merecem o aval do CDS e do PSD.
No jantar que decorreu em Portalegre e que reuniu, além de militantes e simpatizantes do Bloco, trabalhadores das empresas Selenis Serviços e Ambipet, que estão ambas em processo de insolvência, Francisco Louçã esclareceu que a moção de censura é, acima de tudo, “a razão para um combate permanente pelas pessoas, pelo respeito pelas pessoas, em nome de quem se esforça por este país, por quem trabalha neste país, em nome de quem fez este país e esses são os trabalhadores”.
“E é por isso tempo de serem os trabalhadores a dizer que a economia tem que proteger o emprego, que o país deve ser gerido por quem quer trabalho, emprego, direitos, respeito e essa é a grande mudança, essa é a razão desta moção de censura”, acrescentou.
O coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda abordou ainda a questão da interioridade, defendendo a regionalização como forma de combater o desemprego.
Louçã lembrou que “as regiões do interior estão a ser sistematicamente destruídas, são as primeiras empresas a desaparecer, são as primeiras fábricas a fechar, são os primeiros desempregos a acumular-se, não havendo alternativas” e defendeu que “distribuir a economia em termos dessas regiões é uma resposta ao pingue-pongue que o PS e o PSD têm feito, sempre a prometer e a não cumprir uma regionalização que está prevista na Constituição e para a qual puseram um travão”.
Para este dirigente do Bloco, é necessária “mais democratização, mais responsabilidade, mais democracia, mais participação, uma economia mais próxima das pessoas, com a prioridade que tem que ser que é criar emprego".
Paulo Cardoso, dirigente do Bloco de Esquerda de Portalegre, relembrou a visita de Passos Coelho à Selenis no ano passado, durante a qual o líder do PSD apenas falou no desenvolvimento do turismo, sem adiantar qualquer solução para o futuro dos trabalhadores, e afirmou que a luta dos trabalhadores da Selenis e da Ambipet é uma luta do Bloco.