Governo e oposição venezuelana em “reuniões construtivas”

17 de agosto 2021 - 11:24

Maduro quer o levantamento de sanções internacionais e reconhecimento dos órgãos eleitos. No domingo, Freddy Guevara, um oposicionista próximo de Guaidó que tinha sido preso por suspeita de ligação a grupos paramilitares, foi libertado. Ambos os lados retomam diálogo no início de setembro.

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Jorge Rodriguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Marcelo Ebrard, ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Dag Nylander, diretor do Centro de Resolução de Conflitos da Noruega e Gerardo Blyde Perez, representante da oposição, mostram o Memorando de Entendimento assinado no Museu de Antropologia e História da Cidade do México. Foto de Mario Guzman/EPA/Lusa.
Jorge Rodriguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Marcelo Ebrard, ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Dag Nylander, diretor do Centro de Resolução de Conflitos da Noruega e Gerardo Blyde Perez, representante da oposição, mostram o Memorando de Entendimento assinado no Museu de Antropologia e História da Cidade do México. Foto de Mario Guzman/EPA/Lusa.

Realizou-se este fim de semana no México uma primeira ronda de negociações entre o governo venezuelano e a Plataforma Unitária da Venezuela. Do comunicado conjunto emitido no final, em que confirmam que mantiveram “reuniões construtivas”, ficou-se apenas a saber que estas prosseguem a partir do próximo dia 3 de setembro.

Em concreto não foram indicados mais resultados para além de que “reconhecendo a importância da inclusão”, foi discutido “o estabelecimento de um mecanismo de consulta com atores políticos e sociais que seja o mais inclusivo possível”.

Sob o patrocínio do governo norueguês, durante dois dias, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, e o advogado Gerardo Blyde, representante do grupo oposicionista cujo membro mais conhecido é Juan Guaidó - que chegou a auto-proclamar-se presidente do país -, encabeçaram as duas delegações.

As conversações partiram de um “memorando de entendimento” em que ambas as partes se dispunham a “acordar as condições necessárias para que se levem a cabo os processos eleitorais consagrados na Constituição com todas as garantias e compreendendo a necessidade de que sejam levantadas as sanções internacionais”.

A referência aos processos eleitorais diz respeito, em primeiro lugar, às próximas eleições regionais de 21 de novembro. Guaidó anunciou que iria boicotá-las mas foi ultrapassado pela direita por Henrique Capriles, ex-governador do estado de Miranda e candidato presidencial da oposição, que defendeu a participação no processo, nomeadamente porque o novo órgão eleitoral tem a participação de elementos não chavistas.

O lado governamental insiste no reconhecimento da legitimidade das autoridades, no fim das sanções internacionais, como o congelamento de ativos no exterior e o impedimento de vender petróleo, por exemplo aos Estados Unidos, que estão a depauperar a economia e na “renúncia à violência” por parte da oposição.

Na noite de domingo, o ex-deputado Freddy Guevara, próximo de Guaidó, foi libertado depois de estar um mês preso por suspeita de ligação com os grupos paramilitares “associados ao governo colombiano”. Segundo a Deutsche Welle, Guevara declarou à saída da prisão que nada sabia sobre as condições da sua libertação. Mas a exigência de libertação de 268 membros da oposição que estão detidos fazia parte da agenda da oposição, bem como a exigência de eleições “livres e justas” a todos os níveis e a entrada de ajuda humanitária e vacinas contra a Covid-19.