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Governo avança com novos aeroportos, Bloco chama ministro ao Parlamento

Joana Mortágua diz que é “incompreensível” a opção do Governo pela construção de um novo aeroporto no Montijo e, a médio prazo, de um outro em Alcochete. Bloco reafirma que o aeroporto no Montijo é um “crime ambiental”.
Aeroporto de Lisboa. Foto de Mário Cruz/Lusa.
Aeroporto de Lisboa. Foto de Mário Cruz/Lusa.

Vários órgãos de comunicação social noticiaram esta quarta-feira que o Governo vai anular o concurso de Avaliação Ambiental Estratégica para a construção de um novo aeroporto em Lisboa e avançar para uma solução que passa no imediato por um “aeroporto complementar” no Montijo e, a médio prazo, com a construção de um novo aeroporto em Alcochete, que substituirá em definitivo o da Portela em 2035.

A Lusa cita fonte do gabinete do ministro Pedro Nuno Santos que alega que as taxas aeroportuárias da ANA vão suportar os custos da construção no Montijo e que a infraestrutura entrará em funcionamento em quatro anos com capacidade de cinco milhões de passageiros por ano e o objetivo de servir as companhias low cost.

Fica pelo caminho a Avaliação Ambiental Estratégica encomendada a um consórcio entre a empresa de engenharia portuguesa COBA e a empresa estatal espanhola Ingeniería Y Economía Del Transporte. De acordo com o jornal online Eco, Pedro Nuno Santos terá colocado “dúvidas” e “inquietações” devido a esta empresa ser detida pelo Estado espanhol. Avançará, diz a mesma fonte, uma Avaliação Ambiental Estratégica que será feita pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, dispensando novo concurso.

Para impedir que se repita o veto das autarquias ao Aeroporto do Montijo, anuncia-se ainda que vai voltar à votação a lei que dispensaria a consulta aos municípios.

Quanto ao novo aeroporto de Alcochete, deverá ter capacidade para receber o dobro dos passageiros que recebe atualmente o Humberto Delgado e implicar a construção de uma terceira ponte sobre o Tejo, entre Chelas e Barreiro.

O Bloco de Esquerda reagiu de imediato e requereu a presença do ministro Pedro Nuno Santos no Parlamento. Joana Mortágua explicou aos jornalistas que o ministro “tem explicações a dar sobre as notícias que saíram hoje e de facto apanharam toda a gente de surpresa”.

O partido questiona o abandono da avaliação ambiental estratégica “que está em curso” e que “resulta de um compromisso do Governo com o Parlamento” e “com o país” de “estudar e comparar várias localizações para o novo aeroporto”.

A deputada recorda que o Bloco “sempre se opôs” à solução de construção do aeroporto no Montijo por o considerar “um crime ambiental”. O Governo reconheceria “que a futura localização do novo aeroporto da Portela, a longo prazo, é Alcochete”, mas “ainda assim avançaria com o negócio da ANA no Montijo”.

Para Joana Mortágua, “são muitas questões de notícias incompreensíveis que, a confirmar-se, só nos levam a suspeitar que o Governo está a brincar com o país, a brincar com os compromissos que assumiu com o Parlamento e a brincar com o clima”. E vinca que “este momento é o adequado também para pensarmos nos impactos climáticos e ambientais que esta decisão poderia ter” e que “construir dois aeroportos a médio prazo é uma decisão que o país não pode compreender”.

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