O Ministério da Administração Interna (RASI) respondeu às perguntas colocadas pelo Bloco de Esquerda sobre a eliminação do capítulo ‘Extremismos e Ameaças Híbridas’, que constava na versão preliminar do Relatório Anual de Segurança Interna a que os órgãos de comunicação social tiveram acesso. No documento de resposta, o ministério diz desconhecer “em absoluto a existência de qualquer outra versão” que “não seja a versão oficial” aprovada pelo Conselho Superior de Segurança Interna e remetida à Assembleia da República.
“Não está, assim, o Ministério da Administração Interna em condições de se pronunciar mais em detalhe sobre matéria que não é da sua competência, por não ser a entidade responsável pela elaboração do RASI”, remata o gabinete da ministra Margarida Blasco.
Isto apesar de os órgãos de comunicação social terem de facto recebido uma outra versão, com um capítulo onde eram descritas ameaças de extrema-direita, incluindo um “chapter” de uma organização extremista internacional “classificada como terrorista em listas nacionais de alguns países, e contra a qual foram já impostas sanções financeiras por incitamento e financiamento do terrorismo”, como noticiou o Expresso. Para além disso, eram também descritas outras ameaças à soberania nacional, entre elas a presença de influencers de extrema-direita.
A resposta do gabinete da ministra afasta também a possibilidade do Governo enviar uma nova versão do relatório à AR com essa secção, como tinha sido colocado à consideração pelas questões enviadas pelo Bloco de Esquerda.
Quando colocou as perguntas, o partido considerou que “a omissão de informações relativas ao extremismo de extrema-direita e à sua relação com organizações internacionais, para além de constituir uma sombra sob a perceção pública acerca da real magnitude desta ameaça, inquina e limita o papel da Assembleia da República, o que é inaceitável”.
Na próxima terça-feira será também discutido em conferência de líderes um requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda para que se realize no Parlamento um debate sobre o RASI com a presença do Governo.