Flotilha humanitária

Flotilha responde a Israel: “Estão a tentar esconder os seus crimes de guerra”

23 de setembro 2025 - 11:16

A caminho de Gaza, a Global Sumud Flotilla responde à campanha do Governo israelita que retrata a missão humanitária como “uma ameaça à segurança” do país. Israel insiste em acusar a flotilha de ser “organizada pelo Hamas”.

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barcos da flotilha
Imagem Global Sumud Flotilla

Em comunicado divulgado esta segunda-feira, a Global Sumud Flotilla responde ao que diz ser “a escalada de uma campanha para maldizer, denegrir e criminalizar” a flotilha humanitária que se desloca no Mediterrâneo para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Uma campanha que procura retratar a flotilha como uma “ameaça à segurança” de Israel e assim procurar por um lado deslegitimar este tipo de campanhas de ajuda e por outro “fabricar o consentimento para o uso de força letal contra voluntários humanitários pacíficos”.

A direção da flotilha recorda que “a lei internacional é clara: os civis empenhados em missões humanitárias estão protegidos e um ataque ou impedimento da flotilha constitui uma violação das Convenções de Genebra”. Para os ativistas, mesmo as tentativas de quebrar o bloqueio de Gaza têm cobertura legal, pois Gaza “detém soberania sobre as suas águas”, uma soberania que é violada por Israel. Princípios legais que foram recentemente reforçados pela decisão do Tribunal Internacional de Justiça, ao emitir a ordem para que Israel facilite a entrada e deixe de obstruir a entrada de ajuda humanitária.

“A tentativa de Israel de catalogar esta missão como ilegítima é uma tentativa para reescrever a lei internacional e esconder os seus próprios crimes de guerra. O mundo deve opor-se a estas mentiras, defender a ação humanitária, proteger os mais de 500 voluntários que navegam para furar o bloqueio e agir decisivamente para acabar com o genocídio em Gaza”, escrevem os ativistas que navegam acompanhados por barcos de apoio médico e de observadores jurídicos para garantir a segurança e transparência desta missão.

Numa declaração publicada nas redes sociais esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel volta a acusar a flotilha de ser “organizada pelo Hamas” e a garantir que não permitirá a entrada das embarcações para furar o que Israel chama de “bloqueio naval legal”. E sugere que em vez de Gaza a flotilha se dirija a um porto israelita e deixe lá a ajuda humanitária, prometendo transportá-la “de forma coordenada para a Faixa de Gaza”. Até agora, essa “forma coordenada” de entrega de ajuda humanitária tem sido feita através de uma organização escoltada por militares que disparam balas reais sobre a população que se desloca aos pontos de distribuição, tendo já provocado centenas de mortos e feridos.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, a Global Sumud Flotilla diz que a proposta israelita de deixar a ajuda humanitária no Porto de Ashkeon, mais do que “um pedido logístico neutral”, faz parte de “um padrão antigo” de “obstrução deliberada da ajuda para Gaza e de tentativas para deslegitimar aqueles que desafiam o seu bloqueio ilegal”. Lembram ainda o historial israelita de intercetar navios ou camiões com ajuda - ainda hoje só permite a entrada diária de 70 camiões em média, em vez dos 500 a 600 que as agências da ONU dizem ser o mínimo para cobrir as necessidades mais básicas da população de Gaza.

Para a direção da flotilha, a retórica e acusações de Israel “preparam o terreno para a escalada seguinte” que é a do uso da violência contra os voluntários civis que navegam para Gaza. Por isso renovam o apelo aos governos para que garantam a passagem segura das embarcações e apoiem os esforços para entregar ajuda à população de Gaza, fazendo valer a lei internacional e rejeitando o bloqueio ilegal israelita.

 

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