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“Ferrovia não é uma utopia, é uma questão de vontade política”

Em visita a Bragança, Marisa Matias defendeu a necessidade de maior investimento público no interior e destacou a questão da mobilidade e importância da ferrovia para ligar o interior ao litoral e o país à Europa.
Foto de Paula Nunes.

Marisa Matias visitou esta sexta-feira dia 10 o recém inaugurado Museu Ferroviário de Bragança e em declarações aos jornalistas alertou para a necessidade de investimento público naquela região transmontana e nas demais regiões do interior, nomeadamente no que diz respeito à mobilidade.

A primeira candidata do Bloco sublinhou que a ferrovia é fundamental pois “é o que pode interligar o interior do país ao litoral, o país à Europa e é o que pode permitir ligar-nos todos ao planeta”, lembrando ter sido nesse sentido que o Bloco apresentou o Plano Nacional Ferroviário que previa não só essa ligação do litoral ao interior como uma maior valorização dos transportes que são mais amigos do ambiente. “Bragança, como outras regiões do país, não podem ficar sem acesso aquele que é um dos instrumentos fundamentais para a mobilidade mas também para o combate às alterações climáticas”, reiterou.

Para Marisa, a ferrovia naquela região do país não é uma utopia nem uma questão de custos impossíveis, mas sim “uma questão de vontade política que infelizmente não tem existido”. E aproveitou para relembrar que Portugal “tem ainda uma quota muito baixa de utilização da ferrovia, seja de passageiros seja de mercadorias” e que é fundamental aumentá-la.

Questionada sobre o que é possível fazer a partir de Bruxelas, Marisa sublinhou que tem “apoiado todos os projetos e todas as propostas de financiamento que têm a ver com a requalificação da ferrovia e de todos os meios de transporte amigos do ambiente. Infelizmente neste momento não está tanto em cima da mesa. As propostas que estão a ser apresentadas não colocam aquilo que é o elemento central para essa ligação no contexto europeu que é desde logo uma rede ferroviária nacional que ligue todas as partes do país e não ficar apenas uma parte do país ligada depois à Europa e por isso é que é tão importante nós insistirmos nestes projetos nacionais que se complementam depois com projetos europeus e que permitem a ligação entre os diferentes países da União Europeia”.

Marisa Matias defendeu que esta tem de ser uma das prioridades de investimento com os dinheiros comunitários, sublinhando que tem lutado e apresentado propostas para que existam fundos disponíveis. Lembrou no entanto que, dentro dos montantes disponíveis, cabe depois a cada país decidir onde deve investir. “É preciso um país mais igual, um país que não esteja tão inclinado para o litoral e a questão da ferrovia é fundamental para voltar a pôr condições para que as pessoas possam viver no interior e para que se possam deslocar”, frisou Marisa após relembrar que recebemos fundos de coesão e fundos estruturais “precisamente pelas zonas de baixa densidade, pelas regiões do interior, pelas regiões ultra-periféricas que não podem ficar depois sem ver esses recursos porque ficam todos concentrados em outras regiões”.

Ainda assim, a eurodeputada do Bloco sublinhou a questão da mobilidade “não é indissociável de outras necessidades, como de serviços públicos de qualidade e de condições para que as pessoas possam viver na totalidade dos seus direitos e não apenas uma parte deles”. Apelou à necessidade de maior investimento público, ao contrário das recomendações europeias que “são sempre no sentido de travar o investimento público ou de tornar aquilo que é a participação dos Estados-membros nesse investimento cada vez mais cara, aumentando a taxa de comparticipação”.

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