Diogo Freitas do Amaral nasceu em 21 de julho de 1941. Licenciou-se em 1963 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e doutorou-se em 1967. Especialista em Direito Administrativo era então conhecido como discípulo de Marcelo Caetano. Foi professor dessa cadeira na Universidade de Lisboa, onde se doutorou em 1984, e na Universidade Católica a partir de 1977. Foi presidente em vários mandatos do Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e fundador da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa em 1998. Fechou o percurso académico a 22 de maio de 2007 nesta universidade com uma última aula sobre “Alterações do Direito Administrativo nos últimos 50 anos”.
Politicamente, começou por ser conhecido da opinião pública após o 25 de abril por ser fundador e principal dirigente do CDS, partido pelo qual assume o cargo de deputado à Assembleia Constituinte. Nessa condição votou contra a Constituição a República Portuguesa em 1976.
Foi deputado entre 1976 e 1983 e depois em 1992/93. Foi membro do Conselho de Estado entre 1974 e 1982.
Em coligação com o PSD de Francisco Sá Carneiro e o PPM de Gonçalo Ribeiro-Telles cria a Aliança Democrática em 1979. Tendo esta força política vencido as eleições, torna-se vice-primeiro-ministro e ministro dos negócios estrangeiros do VI governo constitucional. Na sequência da morte do primeiro-ministro, assume brevemente a liderança do governo. Integrou o governo seguinte de Pinto Balsemão, assumindo os mesmos cargos até 1983.
Em 1986 foi candidato derrotado à Presidência da República apoiado por CDS e PSD. Obteve 48,8% dos votos na segunda volta contra Mário Soares. Em 1992 saiu do partido que fundara por considerar que este se tinha afastado do centro. Entre 1995 e 1996 ocupou o cargo de presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em 2005 e 2006 torna-se ministro dos Negócios Estrangeiros do governo do PS, cargo que abandonou alegando problemas de saúde.
O ex-presidente do CDS ficou também conhecido por ter assumido uma posição pública contra a intervenção da troika em Portugal e contra a guerra do Iraque ao lado da esquerda. A sua última posição pública, recorda Francisco Louçã numa nota no facebook, foi uma tomada de posição co-assinada com este e com Pilar del Rio em defesa do voto contra Bolsonaro no Brasil.
Na sequência do seu falecimento, esta quinta-feira, foi decretado um dia de luto nacional.
Bloco envia condolências
Ao enviar condolências à família e amigos de Freitas do Amaral, Catarina Martins afirmou que Freitas do Amaral tinha “um posicionamento político muito diferente do que tem o Bloco” mas “é sempre bom saber que pessoas com posicionamentos políticos diferentes podem ainda assim estar juntas por questões tão essenciais como os direitos humanos ou como a paz”.
A coordenadora do Bloco assinalou desta forma “alguns momentos em que foi importante a convergência” como “a denúncia da guerra do Iraque, a necessidade de reestruturar a dívida pública portuguesa e também mais recentemente a necessidade de denunciar o governo brasileiro de Bolsonaro como extrema-direita que é”.