PSD, CDS e Chega juntaram-se para que a comissão permanente da Assembleia da República não possa discutir com o Governo o “capítulo amputado” do Relatório Anual de Segurança Interna de 2024 que se referia à extrema-direita.
A proposta tinha sido apresentada na conferência de líderes pelo Bloco de Esquerda. À saída da reunião, o partido não desarmou e o seu líder parlamentar Fabian Figueiredo anunciou: “apesar de o Chega ter servido de bengala e escudo [a PSD e CDS-PP], nós não deixaremos cair este caso e exigiremos todos os esclarecimentos. Nos próximos dias entregaremos uma pergunta escrita ao primeiro-ministro, porque o Sistema de Segurança Interna está sob a alçada do primeiro-ministro”.
O deputado espera agora que Luís Montenegro “responda o quanto antes”, depois de um desfecho que classificou como “um tanto ou quanto surpreendente”, uma vez que direita e extrema-direita “que todos os dias falam sobre segurança interna” impediram “que a comissão permanente faça um debate esclarecedor sobre o RASI”.
Recorde-se que o Bloco já tinha questionado o Ministério da Administração Interna sobre o corte do capítulo “Extremismos e Ameaças Híbridas” que constava na preliminar apresentada pelo Conselho Superior de Segurança Interna. Nela se falava, por exemplo, na existência no país de uma ramo de uma organização de extrema-direita classificada como terrorista e se alertava para a ação de influencers de extrema-direita nas redes sociais.
O governo tinha então respondido desconhecer “em absoluto a existência de qualquer outra versão”. Ao Público, o Sistema de Segurança Interna tinha explicada que “qualquer outra versão a que a comunicação social possa ter tido acesso respeita a uma versão de trabalho sujeita a discussão e reformulações”.