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"Este é um dia de luta para que o país tenha uma economia que seja suportável"

No arranque da greve da Função Pública, Catarina Martins esteve no piquete dos Estaleiros Municipais da Amadora. E defendeu que "controlar os preços e aumentar os salários é a única forma de proteger a economia portuguesa".
Catarina Martins no piquete de greve nos Estaleiros Municipais da Amadora. Foto Esquerda.net

A greve da administração pública convocada pela Frente Comum para esta sexta-feira teve início à meia noite com paralisações em vários serviços. O líder da Frente Comum, Sebastião Santana, disse  que "o serviço de recolha de lixo nas principais cidades está comprometido", com adesões próximas dos 100%, e nos serviços hospitalares também está a haver uma adesão em massa", prevendo assim muitas perturbações nos serviços públicos durante o dia de sexta-feira. E acusou o Governo de ser o único responsável pela greve, ao não dar respostas aos problemas e pretender "remeter para o final do ano as negociações salariais, quando é hoje que os trabalhadores da administração pública estão a precisar de reforço".

Nos Estaleiros Municipais da Amadora, a coordenadora do Bloco de Esquerda juntou-se aos grevistas e reforçou as razões da sua luta por aumentos de salários e controlo dos preços dos bens essenciais. Lembrando que o Governo tinha prometido que os acordos de rendimentos que assinou há pouco tempo significavam que "as pessoas iam ganhar mais e os salários iam recuperar", Catarina diz que hoje "as pessoas sabem que estão a perder salário todos os dias e não conseguem pagar as contas". E com os salários "cada vez mais curtos" e os lucros dos grandes grupos económicos a aumentar, "este sentimento de injustiça e esta revolta é grande e é justa. E a greve é uma forma de dizer que não pode ser assim", acrescentou. Por isso, "este é um dia de luta para que o país tenha uma economia que seja suportável", resumiu Catarina.

Para reverter esta situação de injustiça, Catarina Martins defendeu que o Governo deve fazer "aumentos dos salários que compensem a inflação, medidas de controlo das margens de lucro e de preços que não permitam a especulação que está a tornar a vida das pessoas impossível e usar a arrecadação de impostos que tem tido para os serviços públicos terem condições".

Governo "adora fazer brilharetes de défice quando no país o défice é cada vez maior"

"Cada vez que os salários perdem para engrossar os lucros das grandes empresas, quer dizer também que há muito dinheiro a sair de Portugal, porque isso é distribuído por dividendos acionistas que vão parar a um qualquer offshore. Não ficam aqui a pagar os impostos que fazem a escola ou o SNS", sublinhou a coordenadora bloquista, concluindo que "controlar os preços e aumentar os salários é a única forma de proteger a economia portuguesa".

Por outro lado, numa altura em que "o Estado está a arrecadar mais impostos do que nunca com a inflação", os serviços públicos, as autarquias, as escolas, os hospitais ou os tribunais "não têm condições para trabalhar". Para Catarina, o Governo "adora fazer brilharetes de défice quando no país o défice é cada vez maior" com a perda de capacidade dos serviços públicos. Essa é uma "estratégia irresponsável para a economia e também para as contas públicas, porque quando se arrastam problemas desta dimensão, seguramente que vão rebentar".

"Esta ficção que o Governo cria de que está tudo bem quando as condições concretas são cada vez piores é intolerável", prosseguiu Catarina, defendendo em seguida que se foi possível fazer o controlo de preços na energia, "seguramente também é possível naqueles bens fundamentais do supermercado que estão cada vez mais a faltar na mesa das pessoas".

"Sete em cada dez famílias estão com dificuldades. Nas famílias monoparentais são nove em cada dez, quase tudo famílias de mulheres. Estamos a falar de pobreza, muita pobreza e muito escondida mas está cá. Não nos enganemos sobre as dificuldades do nosso país", concluiu a coordenadora do Bloco.

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