“A esquerda que luta pela paz levanta-se contra todas as guerras”

22 de abril 2022 - 13:29

Na Conferência Europeia pela Paz em Madrid, Catarina Martins defendeu que a esquerda europeia deve lutar por sanções contra os oligarcas russos, negociações sob a égide da ONU e solidariedade com o povo ucraniano e com quem na Rússia luta contra a guerra e contra Putin.

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Catarina Martins discursa na Conferência Europeia pela Paz.
Catarina Martins discursa na Conferência Europeia pela Paz.

Catarina Martins falou esta sexta-feira na Conferência Europeia pela Paz organizada pelo Podemos e que contou com a participação de dirigentes políticos de esquerda de vários pontos do continente. Aí começou por lembrar a sua presença há exatamente cinco anos no parque Casino de la Reina, também então em vésperas de eleições presidenciais em França, onde tinha deixado um alerta que continua atual: “sem responder aos problemas do povo não será possível travar a extrema-direita”.

Este pretexto serviu para saudar a campanha realizada por Jean-Luc Mélenchon, esperando “que essa força se alastre e que, na eleição deste fim-de-semana, contribua para a derrota de Marine Le Pen”. Reforçou-se ainda a “a certeza que há uma esquerda capaz de, mais cedo do que tarde, derrotar o liberalismo em nome de quem trabalha”.

Passados cinco anos, à luta contra a extrema-direita soma-se a luta contra a guerra. A coordenadora do Bloco diz que “nesta Conferência da Paz, sabemos que não há uns mísseis mais legítimos do que os outros, sabemos que a perda de uma vida inocente na Ucrânia é tão inaceitável quanto uma morte no Iraque, nos Balcãs, na Síria” e, por isso, “opomo-nos à agressão imperialista de Putin com a mesma convicção com que, no passado, nos levantámos contra as agressões imperialistas da NATO”. E conclui: “a esquerda que luta pela paz levanta-se contra todas as guerras”.

De seguida, referiu as várias “armas que a paz tem para derrotar esta guerra”. A primeira das quais “é a punição da oligarquia russa, porque uma guerra é sempre uma agressão e é sempre um negócio”. A coordenadora bloquista considerou as sanções contra os oligarcas deste país como “tímidas”, dando o exemplo das implementadas pelo governo português que “enquanto criticava a agressão de Putin, e bem, recusava enfrentar a oligarquia de Putin que faz negócio em Portugal”. Faltou uma “ação imediata” que é exigida pelo Bloco: “acabar com o regime de privilégio dos vistos gold e propor na Europa o cancelamento da dívida externa da Ucrânia”.

A segunda arma da paz é a justiça climática. Neste domínio, criticou o “cinismo da elite europeia que vê a guerra como oportunidade para novos negócios no armamento como na energia fóssil”. Lembrou “os países que fizeram negócio com a venda de armas à Rússia mesmo depois do embargo da União Europeia”, destacando o caso do negócio da energia na Alemanha: “se Merkel, ex-chanceler da direita, abre a porta aos gasodutos da Rússia, logo Schroder, ex-chanceler socialista, se senta na administração da Gazprom e de outras gigantes petrolíferas russas. As famílias políticas do grande centro têm destas coisas: se as separa a retórica, une-as o negócio”. Pelo contrário, “somos de uma esquerda que não se confunde, sabemos que acabar com o negócio das petrolíferas impõe a coragem de uma transição climática rápida e justa” realçou.

A terceira arma da paz é a negociação. Catarina Martins defende o apelo para que se faça uma Conferência de Paz, sob a égide das Nações Unidas, que construa a paz “começando na proposta já avançada pela Ucrânia: compromisso com a neutralidade com a retirada imediata do invasor”.

Por último, acrescentou uma quarta arma “que os agressores seguramente não toleram e os poderosos provavelmente não percebem, e que nos junta aqui: a solidariedade”. Esta é “solidariedade com o povo ucraniano e com a sua luta de resistência à invasão e solidariedade com todas as vítimas da guerra” mas também “com quem corajosamente se levanta na Rússia contra a guerra e contra Putin”. Uma arma a utilizar “sem hesitações, todos os dias”, concluiu.