Escritos de Amílcar Cabral de regresso a Bissau e propostos para UNESCO

30 de janeiro 2019 - 11:48

O espólio de Cabral sairá da Fundação Mário Soares para regressar à Guiné-Bissau. E a Fundação Amílcar Cabral de Cabo Verde entregou uma proposta de inscrição dos escritos do fundador do PAIGC para o “Registo Memória do Mundo” da UNESCO, um programa instituído em 1992 para salvaguardar o património documental mundial.

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Fundação Amílcar Cabral, Praia. Foto de Balou46/wikimedia commons
Fundação Amílcar Cabral, Praia. Foto de Balou46/wikimedia commons

O trabalho preparatório durou dez meses. Resultou num documento de 429 páginas. É com este estudo sobre a importância da figura histórica de Amílcar Cabral e a atualidade do seu pensamento que a Fundação Amílcar Cabral (FAC) suporta a proposta de que os documentos do dirigente da luta de libertação nacional da Guiné-Bissau e Cabo Verde passem a integrar o programa da UNESCO chamado “Registo Memória do Mundo.” Sublinha-se aí o caráter humanista do poeta, “Homem de Cultura, Estratega da luta de Libertação Nacional”, Diplomata, Pedagogo e Agrónomo”.

Pedro Pires, presidente da Fundação Amílcar Cabral, ex-presidente da República de Cabo Verde e companheiro de luta de Amílcar Cabral, considera a iniciativa “pertinente e oportuna” de forma a preservar estes escritos.

Depois deste estudo ficam a faltar ainda vários passos para efetivar a candidatura. O governo de Cabo Verde terá ainda de constitui uma Comissão especializada para depois apresentar um processo final à UNESCO.

Entretanto, os manuscritos de Amílcar Cabral, e também CDs e livros digitalizados, que têm estado até agora à guarda da Fundação Mário Soares, uma instituição cujo futuro é ainda incerto depois da morte do seu patrono, vão regressar à Guiné-Bissau, segundo informou esta terça-feira M´Bala Alfredo Fernandes, embaixador guineense em Cabo Verde.

O governo cabo-verdiano concorda com este destino. Abraão Vicente, ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, segundo o jornal Público, declarou que “os arquivos têm de voltar à Guiné-Bissau, porque saíram da Guiné-Bissau. Só em caso de a Guiné não ter as condições e o dizer explicitamente e formalmente a Cabo Verde é que Cabo Verde poderá acolher os escritos e os arquivos”. Para além disto, disponibilizou “algum tipo de apoio financeiro”, serviços e apoio técnico para a concretização deste arquivo.