Encarregados de Educação de Leiria denunciam pressão dos colégios

26 de maio 2016 - 18:31

Pais e mães de crianças que frequentam colégios particulares denunciaram, em declarações ao Jornal de Leiria, a “instrumentalização” dos filhos e a coação de que estão a ser alvo.

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Uma encarregada de educação de um aluno do 8º ano do Colégio Conciliar de Maria Imaculada (CCMI) falou ao Jornal de Leiria sobre a “pressão enorme” a que está a ser sujeita, dando conta dos mais de 20 emails de mobilização para as inúmeras iniciativas de protesto contra a alteração aos contratos de associação introduzida pelo Ministério da Educação.

“Estão desesperados, porque têm noção de que há pais que não vão ter capacidade de pagar para manter os filhos no colégio”, assinalou.

Esta mãe, que, à semelhança dos outros encarregados de educação, pediu ao Jornal de Leiria para não ser identificada com medo de represálias, lamentou que os alunos e os encarregados de educação estejam a ser “manipulados”, referindo que foi pedido aos jovens para copiarem um texto do quadro para enviar ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, em vez de lhes ter sido solicitado que escrevessem livremente sobre o colégio.

Os encarregados de educação, por sua vez, foram convocados para uma reunião aquando da constituição do Núcleo de Acção do CCMI para lhes ser comunicada a decisão que já tinha sido tomada, e não para lhes ser pedida qualquer opinião.

Outra mãe de uma aluna do 9º ano também criticou o procedimento dos colégios: “Não concordo que envolvam alunos do pré escolar e do 1º ciclo em manifestações. Assuntos de adultos devem ser tratados por adultos”.

“Concordo com a redução das verbas, porque existem escolas estatais com vagas”, avançou, sublinhando, contudo, que “isso devia ser feito de uma forma faseada e organizada”.

“Agora, nem sequer acho que a qualidade do ensino no colégio seja superior ao das escolas públicas. Matriculei lá as minhas filhas por conveniência própria, devido ao horário e à segurança”, acrescentou.

O pai de um aluno do Colégio Nossa Senhora de Fátima (CNSF) contou que o seu “filho diz que o colégio pode fechar, os professores vão ficar sem trabalho e que a escola pública não é muito boa”.

“Está convencidíssimo que aquilo é verdade”, assinalou, acrescentando que “a criança todos os dias fala no assunto”.

Sobre a coacção psicológica a que estão a ser sujeitos os encarregados de educação, um deles dá o exemplo de um email enviado pelo núcleo Defesa da Escola Ponto, onde se lê: “ficaremos envergonhados se uma escola com mais do que 800 alunos congregue apenas uma centena…”.

No dia 4 de maio, os pais e as mães dos alunos dos colégios privados foram alertados para a importância de fazerem três “TPC”: assinar duas petições pela liberdade de escolha da escola, escrever cartas ao primeiro-ministro e ao Presidente da República e participar no Abraço à escola.

Maria Manuel, directora do CNSF, alegou, em declarações ao Jornal de Leiria, ter tido o cuidado de proteger as crianças do pré-escolar e do 1º ciclo. Já Jorge Cotovio, diretor pedagógico do CCMI, e Salomé Gonçalves, diretora administrativa do CCMI, asseguraram não ter recebido queixas por parte dos encarregados de educação e confirmaram estar a informá-los atempadamente das atividades promovidas pelo movimento Defesa da Escola Ponto.