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Empresas do PSI-20 pagam cada vez menos aos seus trabalhadores
Ainda que as despesas totais com trabalhadores nas 20 empresas cotadas no PSI-20 tenham registado, em 2011, um aumento de 5,8%, o que se justifica, essencialmente, devido à contratação de mais 43 mil trabalhadores, decorrente, nomeadamente, da aquisição da Oi pela PT, a média salarial nestas empresas sofreu uma redução de quase 11%.
Tal decorre, entre outros, da promoção de contratações a baixo custo e da manutenção de baixos salários.
Nas 20 empresas cotadas no PSI-20, a diferença salarial entre os seus presidentes executivos e os restantes trabalhadores agravou-se entre 2010 e 2011. Se, há dois anos, os líderes destas empresas auferiam, em média, 37 vezes mais do que os restantes trabalhadores, em 2011, o diferencial foi de 44 vezes.
Portugal não acompanha, neste caso, a tendência do país vizinho. Os líderes das empresas cotadas no Ibex (principal indicador da bolsa de Espanha) ganharam, em 2011, cerca de 24,7 vezes mais do que a média dos trabalhadores das suas empresas. Em 2010 a diferença era de 25,5.
Em Portugal, a empresa do PSI-20 com a mais baixa média salarial é a Jerónimo Martins, onde os trabalhadores auferem, em média, 9 mil euros por ano, o equivalente a 642 euros mensais. Pedro Soares dos Santos ganha 110 vezes mais do que ganham em média os trabalhadores da sua empresa.
Zeinal Bava, por sua vez, ganha 127 vezes mais do que os restantes trabalhadores da PT. Em 2010 a diferença era de 94 vezes. A PT foi a empresa que registou, entre 2010 e 2011, uma maior redução da média salarial por trabalhador. Em 2011, os trabalhadores receberam, em média, 10.663 euros (valor anual), o que representa uma redução de 29,5% face ao ano anterior. A Portugal Telecom é a segunda empresa, logo a seguir à Jerónimo Martins, com a menor média salarial por trabalhador, ainda que não sejam sequer contabilizados os inúmeros trabalhadores sub-contratados ao serviço desta empresa.
Zeinal Bava já veio afirmar, no início deste ano, que irá “manter uma forte disciplina operacional e de custos” de forma a permitir à empresa continuar a “honrar” os seus compromissos.
Em terceiro lugar do ranking de empresas que pior remunera os seus trabalhadores surge a Sonae. O presidente executivo desta empresa, Paulo Azevedo, recebe uma remuneração 71 vezes superior aos restantes trabalhadores, que contam com uma média salarial anual de 15.997 euros.
No caso da Galp, a empresa regista a segunda maior redução da média salarial por trabalhador, logo a seguir à PT. Nesta empresa, a diferença salarial entre o presidente executivo e os restantes trabalhadores é de 56 vezes.
Empresa |
Presidente executivo |
Média salarial por trabalhador em 2011 (anual) |
Variação anual |
Nº de vezes que os presidentes executivos recebem a mais |
ZON |
Rodrigo Costa |
30.846 |
3,9% |
31 |
Sonaecom** |
Ângelo Paupério |
43.428 |
-4,6% |
24 |
PT* |
Zeinal Bava |
10.663 |
-29,5% |
127 |
Semapa |
Pedro Queiroz Pereira |
24.266 |
3,1% |
57 |
Mota-Engil |
Jorge Coelho |
95.002 |
3,1% |
7 |
BCP |
Carlos Santos Ferreira |
28.097 |
-3,1% |
23 |
Sonae-Indústria** |
Rui Correia |
47.421 |
-6,4% |
9 |
Jerónimo Martins |
Pedro Soares dos Santos |
9035 |
1% |
110 |
Brisa** |
Vasco de Mello |
41842 |
11% |
15 |
Sonae |
Paulo Azevedo |
15.997 |
2,8% |
71 |
BES |
Ricardo Salgado |
47.815 |
1,2% |
17 |
REN |
Rui Cartaxo |
44.996 |
0,2% |
7 |
Galp |
Manuel Faria de Oliveira |
29.503 |
-6,5% |
56 |
EDP |
António Mexia |
39.363 |
-0,4% |
27 |
EDP Renováveis |
Ana Maria Fernandes* |
64.393 |
7,9% |
9 |
BPI |
Fernando Ulrich |
27.711 |
-1% |
26 |
Cimpor |
Francisco Lacerda** |
22.192 |
4,1% |
38 |
Portucel |
José Honório |
43.369 |
4,3% |
33 |
Altri** |
Paulo Fernandes |
48.089 |
-5,2% |
8 |
Banif** |
Carlos Almeida |
24.174 |
4,9% |
26 |
* Inclui consolidação da brasileira Oi.
**Foram considerados os custos com pessoal, dado que as empresas não apresentaram informações específicas sobre remuneração dos trabalhadores.
Tabela formulada com base nos dados publicados pelo jornal Público em 14.05.2012.
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