O Comité de Médicos para uma Medicina Responsável denunciou a Neuralink, empresa de implantes cerebrais criada em 2016 pelo multimilionário Elon Musk, e uma sua parceira, a Universidade da Califórnia Davis, por terem feito experiências em macacos das quais terá resultado a morte de 16 animais.
Esta Organização Não Governamental entregou ao Departamento de Agricultura dos EUA uma investigação de 600 páginas onde se detalham violações à Lei Federal de Bem-Estar Animal dos EUA, como a não prestação de cuidados veterinários adequados aos macacos, “extremo sofrimento psicológico”, como ansiedade, vómitos, perda de apetite e de pelo e comportamentos de auto-mutilação, além da utilização de uma substância não aprovada, denominada “bioglue”, que teria tido resultados fatais. Alegações fundadas em documentos como relatórios de saúde e autópsias aos animais.
Jeremy Beckham, um dos responsáveis do CMMR, critica que “a UC Davis tenha cedido as suas instalações financiadas com fundos públicos a um multimilionário” por 1,4 milhões de dólares, “mas isso não significa que possa deixar de cumprir os requisitos de transparência e violar as leis federais de bem-estar animal. Para ele, “os documentos mostram que se mutilou o cérebro aos macacos em experiências de má qualidade e deixaram-nos a sofrer e a morrer. Não é um mistério a razão pela qual Elon Musk e a universidade querem manter ocultas ao público as fotos e vídeos deste abuso horrível”.
Se estas imagens não são conhecidas, as de publicidade à empresa correram mundo. Em abril do ano passado a Neuralink publicava na sua conta de YouTube um vídeo de um macaco com um implante cerebral a controlar com a mente uma versão do jogo eletrónico Pong e a receber como reforço um batido de banana. Também famoso foi o seu anúncio de que o mesmo processo poderia ser aplicado em seres humanos em 2023 com o objetivo declarado de desenvolver a curto prazo um implante para pessoas com lesões cerebrais.
Em comunicado, a empresa respondeu que os animais utilizados para a investigação eram “respeitados e honrados” pela sua equipa e admite que alguns animais foram “eutanasiados” de forma “humana”. A parceria com a UC Davis acabou entretanto e a investigação passou a estar sediada na própria empresa.