Egito: Mais de 500 mortos após repressão brutal

15 de agosto 2013 - 17:49

A violenta repressão contra os manifestantes no Cairo, que exigem a libertação do Presidente deposto Mohamed Morsi, provocou pelo menos 525 mortos. O exército prolongou a detenção de Morsi por mais 30 dias. Muitos temem que o estado de "exceção", decretado na quarta-feira, façam regressar os tempos autoritários de Mubarak.

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A dura repressão das forças de segurança contra os manifestantes no Cairo, que exigem a libertação de Mohamed Morsi, Presidente deposto em julho pelo exército, provocou, segundo dados do Ministério da Saúde, pelo menos 525 mortos na quarta-feira.

Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, citado pela AFP, afirma que a coordenação política da organização se desfez, foram presos ou mortos, e que “a fúria está para além do controlo”.

Dois dirigentes importantes da Irmandade foram atingidos a tiro, não terão sido mortos, mas o porta-voz da organização disse à Reuters não saber onde estão. O mesmo acontece com tantos outros líderes do partido.

A decisão dos militares em acabar com dois acampamentos dos partidários de Morsi, fez da passada quarta-feira o dia mais sangrento da história recente do Egito e o mais certo é que o número de vítimas continue a aumentar. Hoje soube-se que os militares decidiram prolongar a detenção do Presidente deposto por mais 30 dias.

O movimento islamita de Morsi, em reação aos acontecimentos de ontem, marcou para esta tarde uma manifestação junto à mesquita Al-Iman, em homenagem às vítimas e contra a violência. A agência Reuters noticia que um edifício do governo foi atacado pelos islamitas.

Numa outra importante cidade egípcia, Alexandria, centenas de pessoas protestam e reclamam pela libertação de Morsi.

O regresso ao estado de “exceção”

Ontem, foi novamente decretado o estado de emergência, tal como aconteceu durante toda a ditadura de Mubarak, e o recolher obrigatório foi imposto para o Cairo e onze províncias.

Esta decisão deu ao exército e à polícia o poder para fazer detenções arbitrárias e por tempo incerto alegando “razões de segurança”. Muitos comentadores egípcios receiam o regresso à ditadura, por sua vez, os militares dizem que o regime “só vigorará por um mês”

Mohamed Morsi foi o primeiro Presidente democraticamente empossado, tendo, no entanto, sido bastante contestado pelas suas medidas de islamização da sociedade.