O número de pessoas que se juntou no “Abraço à MAC” dava para realizar dois cordões humanos à volta da maternidade. Meia hora antes da hora marcada já o cordão estava constituído, mobilizando os profissionais que lá trabalham, mas também familiares, amigos e muitas pessoas que vieram simplesmente dizer: “Eu quero a MAC aberta!”
Num clima de grande indignação as pessoas questionavam, em pancartas e nas conversas, porquê encerrar um serviço de qualidade? E uma faixa acusava: “Fechar a MAC é ceder ao negócio”. Com grande emotividade ouviu-se “Eu nasci aqui” e, com revolta, “Macedo escuta a MAC está em luta”.
Em declarações à Lusa, o penúltimo diretor da unidade, Jorge Branco, que terminou funções a 1 de março, disse não entender por que motivo o Governo quer encerrar a maternidade nesta altura, o que vai obrigar a “partir as equipas”. Para manter a qualidade dos serviços prestados na MAC é fundamental manter as equipas a funcionar como estão e isso só pode concretizar-se com a transferência para outra unidade e não dispersando-as, disse o antigo diretor.
O deputado João Semedo, do Bloco de Esquerda, “um erro gravíssimo” do governo que não apresentou “um único argumento válido para encerrar a maior e a mais diferenciada maternidade do país. “O melhor parecer técnico [para justificar a continuidade do funcionamento da MAC] é o que todos os anos os pais e as famílias fazem ao vir aqui ter os filhos”, acrescentou.
A deputada Rita Rato do PCP e o deputado Miguel Coelho também sublinharam à comunicação social que não existem “argumentos”, nem “razão técnica ou científica” para encerrar a Maternidade Alfredo da Costa.
Entretanto em Maputo, o primeiro-ministro, Passos Coelho, considerou que a Maternidade Alfredo da Costa é "uma unidade histórica em Portugal que não pode ficar parada no tempo, tem de evoluir", daí o governo decidir encerrá-la.
Porque os profissionais que trabalham na Maternidade Alfredo da Costa sabem que não há evolução no que se destrói, decidiram prosseguir a luta e convocaram uma manifestação para o próximo dia 19, entre a MAC e o ministério da Saúde.
A dirigente do Sindicato da Função Pública do Sul e Ilhas Ana Amaral disse ainda à Lusa que no po plenário foi ainda decidido formar uma plataforma com movimentos de cidadãos e sindicatos para pressionar o executivo a não encerrar, para não dar “mais um golpe no Serviço Nacional de Saúde”.