Despesa do SNS com exames no privado aumentou 48% em 2021

01 de setembro 2022 - 19:46

Por escolha do governo, uma parte importante dos gastos foram com testes Covid realizados no privado. Mas o ano passado as análises e os exames também renderam mais aos grupos económicos da saúde.

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Análises. Foto de Paulete Matos.
Análises. Foto de Paulete Matos.

A despesa do Serviço Nacional de Saúde com meios complementares de diagnóstico e terapêutica privados chegou ao valor mais alto de sempre no ano passado, 718 milhões de euros. Trata-se de um aumento de 48% entre 2021 e 2020.

Os dados são do relatório anual de acesso aos cuidados de saúde no SNS e entidades convencionadas 2021 e foram noticiados pelo Jornal de Notícias esta quinta-feira. O documento apresenta os gastos com testes à Covid-19, realizados em laboratórios privados, como a justificação principal para este aumento. Na altura, o executivo decidiu apostar no privado para a realização destes testes em vez de utilizar a capacidade pública existente. E, no relatório, não está incluída a despesa com estes testes nas farmácias.

Para além disso, depois da pandemia, a recuperação da atividade no SNS fez aumentar os pedidos de exame e de tratamentos nos privados, o que aumentou consequentemente a despesa. Mas mais uma vez, os números do gasto com o privado estão aqui contabilizados por baixo porque deste relatório não constam nem as hemodiálises, nem as cirurgias feitas no privado por suposta falta de capacidade do SNS.

A análise da despesa por setor mostra que as análises clínicas corresponde a mais de metade da despesa com privados, 53%, e que cresceu 191 milhões relativamente a 2019, na radiologia gasta-se 17%, na Medicina Física e de Reabilitação 16% e na Endoscopia Gastrenterológica 8%. Revela igualmente que as despesas com exames e tratamentos no privado aumentaram em todas as áreas. Em Pneumologia/Imunoalergologia o crescimento foi de 95%. Em hemodiálise no privado os custos foram de 295 milhões. Apenas em 2018 se gastou mais. Em sentido diferente, a emissão de vales-cirurgia, que permitem fazer operações no privado quando ultrapassados os tempos máximos de espera diminuiu para valores aproximados de 2017.

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