O dirigente do PSD José Luís Arnaut pretendeu desmentir na sexta-feira as declarações do coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, segundo as quais a sociedade de advogados de José Luís Arnaut presta assessoria aos franceses da empresa Vinci na privatização da ANA e ao Estado na privatização da TAP.
Arnault disse lamentar "profundamente que o Bloco de Esquerda antes de fazer declarações que põem em causa o bom nome e a honra de pessoas... não tenha tido o cuidado de obter as informações corretas", dizendo que o escritório de que é sócio “não é o advogado do Estado no processo de privatização da TAP nem da ANA”.
Arnaut desmente o que não foi afirmado
Em comunicado, o Bloco de Esquerda afirma que “José Luís Arnaut desmente aquilo que não foi afirmado por João Semedo. Aliás, é um desmentido que confirma as afirmações de João Semedo”, recordando que o que o coordenador do Bloco disse foi que a sociedade de advogados de José Luís Arnaut “faz assessoria à empresa privada Vinci na privatização da ANA e presta assessoria à TAP que, como todos sabemos, até ser privatizada é uma empresa do Estado”.
“Em resumo”, prossegue o comunicado, “a sociedade de advogados de José Luís Arnaut presta simultaneamente assessoria a uma empresa privada que pretende comprar a empresa pública ANA e a uma empresa do Estado – a TAP – que o Estado quer vender ao privado. Na primeira, a sociedade de José Luís Arnaut foi escolhida pelo comprador, a empresa privada Vinci. Na segunda, foi escolhida pelo vendedor, o Estado”.
Processos não são independentes
O Bloco afirma ainda que ao contrário do que afirma Arnaut, “os processos de privatização da ANA e da TAP não são independentes. É pública e notória a relação estreita entre eles. O calendário das duas privatizações, a natureza e ramo de atividade das duas empresas e sucessivas declarações de membros do Governo confirmam em absoluto a ligação entre as duas privatizações”.
O comunicado conclui reafirmando que “as afirmações de João Semedo são verdadeiras e retratam mais uma privatização em que o que falta em transparência sobra em favorecimento partidário”.