Portugal gasta atualmente em Ciência cerca de metade do que a média dos países da OCDE e os níveis de investimento público foram diminuindo a partir de 2011, chegando em 2021 a “níveis iguais aos de 1991”, concluiu Maria de Lurdes Rodrigues na análise publicada no livro “O Futuro da Ciência e da Universidade” e citado pela agência Lusa.
A antiga ministra da Educação e atual reitora do ISCTE fez uma atualização do levantamento feito em 1990 por José Mariano Gago (ex-ministro da Ciência falecido em 2015). E registou que após um aumento até ao fim da primeira década do século XXI, com o Orçamento do Estado para 2010 a reservar uma fatia de 0,54% do PIB para a ciência e investigação - pouco abaixo do 0,66% da média da OCDE -, a partir daí o desinvestimento agravou-se, culminando em 2021 com 0,32% do PIB, quando a média da OCDE já tinha aumentado para os 0,74%.
“Depois de duas décadas de desenvolvimento científico continuado, o sistema entrou em estagnação”, escreve a autora do texto “Renovar o compromisso com a política de ciência” que abre um dos capítulos do livro. Em termos de valor absoluto, só em 2023 foi retomado o valor de financiamento de 2010, com 1.241 milhões de euros. E no Orçamento para este ano, o aumento de previsto para a Fundação de Ciência e Tecnologia volta a ficar abaixo da inflação, aponta a investigadora.
O resultado deste desinvestimento, além de afastar o país dos resto dos países europeus nesta área, foi também tornar a ciência feita em Portugal “quase totalmente dependente de fundos europeus, o que se traduz na subordinação do sistema científico nacional a lógicas e a prioridades definidas por instituições externas”, conclui Maria de Lurdes Rodrigues.