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Defensor da minoria uigur na China vence Prémio Sakharov

Condenado a prisão perpétua em 2014 na China, o economista Ilham Tohti foi o escolhido pelo Parlamento Europeu para receber o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento.
Ilham Tohti
Ilham Tohti é o vencedor do Prémio Sakharov 2019. Imagem Parlmento Europeu.

O Parlamento Europeu anunciou esta quinta-feira o vencedor do Prémio Sakharov 2019. Trata-se do economista chinês Ilham Tohti, um defensor dos direitos da minoria uigur. Uma luta que lhe valeu a condenação a prisão perpétua em 2014, pelo crime de separatismo, “apesar de ser uma voz de moderação e reconciliação”, apontou o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

“Ao atribuirmos este prémio, fazemos um forte apelo ao governo chinês para que liberte Tohti, e apelamos ao respeito pelos direitos das minorias na China”, prosseguiu o presidente do Parlamento Europeu. Tohti já tinha ganho este ano o Prémio Vacláv Havel do Conselho da Europa, o que valeu a condenação deste organismo por parte de Pequim. Para a diplomacia chinesa, o Conselho da Europa “branqueia um separatista que apoia a violência e o terrorismo", criticou na altura.

A minoria uigur, predominantemente muçulmana,  tem sido vítima de repressão nos últimos anos por parte do estado chinês, que criou na província de Xinjiang uma rede de campos de reeducação para um milhão de pessoas desta minoria. O governador de Xinjiang disse em outubro do ano passado que esses campos serviriam para “eliminar o meio social que gera o terrorismo e o extremismo religioso” e assim prevenir “as atividades terroristas antes que elas ocorram”. Para o Congresso Mundial Uigur, trata-se de campos de concentração onde os detidos são mantidos sem acusação formal por tempo indefinido e sujeitos a violência e doutrinação segundo os princípios do Partido Comunista que dirige o país.

A candidatura de Tohti foi apresentada pelo grupo parlamentar liberal Renew Europe e venceu as outras duas candidaturas finalistas protagonizadas por um grupo de raprigas quenianas que combatem a excisão e três personalidades brasileiras que se destacaram na luta pelo ambiente e direitos humanos, entre as quais Marielle Franco, a vereadora do Rio de Janeiro assassinada a tiro há mais de um ano, sem que ainda tenham sido encontrados os responsáveis pelo crime.

O voto decisivo para dar a vitória a Tohti foi do grupo parlamentar dos Verdes europeus, que integra o eurodeputado português do PAN. Os Verdes tinham retirado a sua candidatura ao Prémio Sakharov, que dava destaque à luta pela democracia e direitos humanos no Brasil, nas figuras de Marielle Franco e Jean Wyllis, para apoiarem a candidatura de Marielle, Claudelice Silva dos Santos e o chefe indígena Raoni Metuktire, propostos pelo GUE/NGL e os socialistas. Mas na votação final, mudaram de posição para apoiarem o ativista uigur proposto pelos liberais. Todos os finalistas, ou os seus representantes, estarão presentes na cerimónia de entrega do prémio, a realizar no dia 18 de dezembro em Estrasburgo.

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