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CTT: só um serviço totalmente público consegue chegar a toda a população

Em debate parlamentar agendado hoje pelo Bloco de Esquerda, o partido defendeu a renacionalização dos CTT, uma vez que este “presta um serviço público essencial”. A deputada Isabel Pires quis ainda que o Governo explique o que fará após o fim do contrato de concessão do serviço.
Isabel Pires.
Isabel Pires. Fotografia de Paula Nunes.

No debate hoje agendado pelo Bloco de Esquerda sobre a crise no serviço postal e a recuperação do controlo público dos CTT, a deputada Isabel Pires quis que o Governo esclarecesse o que fará após o fim do atual contrato de concessão deste serviço e como será feita a gestão do mesmo.

“Os CTT eram uma empresa pública rentável, que geria um monopólio natural da distribuição do correio com apreciáveis graus de eficácia e de eficiência”, sendo por isso “apetecível nas operações de privatização que o governo de direita do PSD/CDS pôs em marcha assim que chegou ao poder”, lembrou a deputada.

Face à visível degradação do serviço e o aumento do descontentamento dos utentes, o Bloco de Esquerda quer que o Governo explique qual o plano de ação previsto e que clarifique se quer ou não que o Estado tenha “um papel fundamental nesta empresa estratégica para o país”.

Privatizados em 2014, os CTT davam anteriormente lucros anuais, gerando receita para o Estado. Entre 2005 e 2014, o serviço de correios gerava lucros na ordem dos 577 milhões de euros, situação que se inverteu logo após a privatização.

A deputada bloquista lembrou que, desde a privatização do serviço, o país viu o encerramento de centenas de estações e postos de correios, a externalização do serviço de entrega, o fim da distribuição diária de correio em todo o país, entre outros.

Também “no que toca aos direitos dos trabalhadores, o cenário é negativo”, observando-se, entre outros pontos, a redução de mais de mil trabalhadores e aumento do número dos que se encontram com vínculo precário.

As administrações responsáveis pela gestão dos CTT foram responsáveis pela “venda ao desbarato de património imobiliário, muitas vezes histórico”, denunciou Isabel Pires.

“A administração dos CTT recebeu, em 2017, salários na ordem das muitas centenas de milhares de euros, à cabeça dos quais se encontra o seu presidente à época, Francisco Lacerda, cuja remuneração anual foi de 900 000€ - o 7º mais bem pago da lista do PSI 20, nesse mesmo ano”, lembrando ainda que foi essa mesma administração a responsável por transformar a maioria das estações de correio em agências bancárias do Banco CTT.

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