Eleições venezuelanas

Coordenadora independente de trabalhadores da Venezuela apela à transparência e critica EUA

08 de agosto 2024 - 20:49

Organização de trabalhadores venezuelanos considera que é preciso transparência e que o processo eleitoral seja esclarecido, criticando as ações repressivas do Governo. Sindicalistas lançam também críticas ao posicionamento do Governo norte-americano e à violência incitada pela direita venezuelana.

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Conferência de imprensa da CAIT
Fotografia de Coordinadora Nacional Autónomo Independiente De Trabajadores/Aporrea

A Coordenadora Nacional Autónoma Independente do Trabalho (CAIT), uma organização que agrega sindicalistas e dirigentes sindicais da Venezuela inteira, posicionou-se na passada quarta-feira pela transparência e contra as políticas regressivas que Maduro tem implementado na Venezuela, criticando também a ingerência do Governo dos Estados Unidos da América que reconheceu a vitória do candidato da direita sem provas.

Segundo a CAIT, o posicionamento do governo norte-americano, que é feito “sem esperar pelas atas e pela recontagem dos votos”, tem paralelo com o episódio que aconteceu em janeiro de 2019, “quando a administração trumpista declarou presidente interino o então deputado Juan Guaidó”.

“Face à controvérsia dos resultados eleitorais, é um direito dos cidadãos conhecerem os resultados eleitorais”, afirmam os dirigentes sindicais, para quem o Governo “tem a obrigação de acabar com as dúvidas”. Para isso, a CAIT reconhece também a necessidade de acabar com a criminalização de protestos pacíficos e de libertar os mais de 1.000 manifestantes pacíficos que contabiliza terem sido detidos em várias cidades do país.

A Coordenadora Nacional salienta ainda que é inconstitucional ameaçar demissões dos trabalhadores das instituições públicas por votarem no candidato da oposição ao Governo, e que se estes assim o fizeram é porque estão descontentes com a perda dos seus direitos e com os baixos salários.

Quanto à violência da direita, o CAIT condena os ataques às sedes do PSUV, às instalações governamentais e aos serviços públicos, bem como à rádio comunitária em Carora pelas brigadas violentas do lado de María Corina Machado, que resultaram já no assassinato de Cirila Gil, uma militante chavista do PSUV em Ciudad Bolívar.

Face à posição dos Estados Unidos da América, os sindicalistas salientam a tentativa imperialista de tentar pressionar os governo das América Latina para forçar um resultado eleitoral pré-definido por Washington enquanto os resultados eleitorais ainda precisam de ser esclarecidos. “Acreditamos na paz com a Justiça e rejeitamos a violência de onde quer que ela venha”, dizem.

Sobre os resultados das eleições, cujas atas já foram entregadas pelo presidente da Comissão Eleitoral ao Supremo Tribunal de Justiça, a Coordenadora Nacional Autónoma Independente do Trabalho considera que “além de qualquer interpretação legal, esperamos que as dúvidas sejam esclarecidas sobre os resultados das eleições”, dizendo sobre o processo em curso: “Tudo dentro da Constituição, nada fora dela”.