Está aqui

Colóquio evocou as greves contra a corrente

Intervenções abordaram temas relacionados com a organização popular e as lutas logo a seguir ao 25 de abril, bem como a política do PCP e da esquerda radical diante do movimento grevista entre maio e setembro de 74. Um segundo colóquio decorrerá em 13 de setembro.
Testemunhos de protagonistas das greves enriqueceram as intervenções iniciais. Foto de Luis Leiria
Testemunhos de protagonistas das greves enriqueceram as intervenções iniciais. Foto de Luis Leiria

A delegação de Lisboa da Associação José Afonso recebeu no último sábado o primeiro colóquio sobre as greves contra a corrente, o movimento grevista que explodiu logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 e durou de maio a setembro daquele ano.

O colóquio foi aberto por Fernando Rosas, e teve uma primeira ronda de intervenções, seguida de debate. Francisco Bairrão Ruivo falou sobre “O movimento popular e a derrota Spinolista”, Miguel Perez abordou o tema “O 'duplo poder' da revolução portuguesa”, e José Casimiro referiu-se à conquista dos sindicatos ainda antes do 25 de abril e à formação da Intersindical.

A mesa da primeira parte: Fernando Rosas, José Casimiro, Miguel Perez e Francisco Bairrão. Foto de Luis Leiria

A segunda parte contou com intervenções de João Madeira, sobre o PCP e o movimento grevista de Maio-Setembro de 1974, e Miguel Cardina sobre a esquerda radical e as greves.

Segundo colóquio recordará a manifestação da Lisnave

Este foi o primeiro de dois colóquios que acompanham a exposição “O futuro era agora – nos 40 anos das greves contra a corrente (maio – setembro de 1974)”. O segundo colóquio decorrerá em 13 de setembro na Cova da Piedade, no Museu da Cidade, e terá como tema “O 12 de setembro de 1974 na Lisnave. As lutas nas empresas por quem as viveu”. Intervirão Carlos Santos, Mário Tomé, Eduardo Pires, Celso Ramos, José Carlos Valente, Vladimiro Guinot, José Alves, Manuel Monteiro e outros ativistas dessa época.

Entre outras lutas, será evocada a grande manifestação dos trabalhadores da Lisnave de 12 de Setembro de 1974, em que milhares de operários em fato de trabalho e capacete, vindos dos estaleiros da Margueira, engrossando já em Lisboa com os seus camaradas dos estaleiros da Rocha, atravessaram a cidade em filas cerradas até ao Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, exigindo o saneamento dos lacaios dos patrões e do fascismo e contestando as novas leis da greve e do lock-out. E, mais, vencendo o dispositivo militar montado para a reprimir. “Foi uma poderosa manifestação de afirmação independente do proletariado no processo revolucionário que irrompeu com o 25 de Abril”, recordou o historiador João Madeira, um dos organizadores do evento.

(...)