CO2 emitido para a atmosfera atinge novo recorde em 2023

05 de dezembro 2023 - 20:48

Emissões globais de carbono provenientes de combustíveis fósseis aumentaram novamente em 2023, revela uma investigação da equipa científica do Global Carbon Project.

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Foto de Nick Humphries.

O Orçamento Global de Carbono anual prevê emissões de dióxido de carbono fóssil (CO2) de 36,8 mil milhões de toneladas em 2023, um aumento de 1,1% em relação a 2022.

As emissões fósseis de CO2 estão a diminuir em algumas regiões, incluindo a Europa e os EUA, mas a aumentar em geral, e os cientistas alertam que a ação global para reduzir os combustíveis fósseis não está a acontecer com rapidez suficiente para evitar alterações climáticas perigosas.

Prevê-se que as emissões resultantes da alteração do uso do solo, como a desflorestação, diminuam ligeiramente, ainda assim são demasiado elevadas para serem compensadas pelos atuais níveis de reflorestação e florestação.

O relatório estima que as emissões globais totais de CO2, que incluem emissões fósseis e a utilização do solo, atingirão 40,9 mil milhões de toneladas em 2023.

O Global Carbon Project alerta que este número fica mais longe da redução acentuada das emissões que é “urgentemente necessária para cumprir as metas climáticas globais”.

“Os impactos das alterações climáticas são evidentes à nossa volta, mas as ações para reduzir as emissões de carbono provenientes dos combustíveis fósseis continuam dolorosamente lentas”, afirmou o professor Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute de Exeter, que liderou o estudo.

“Agora parece inevitável que ultrapassaremos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris, e os líderes reunidos na COP28 terão de chegar a acordo sobre cortes rápidos nas emissões de combustíveis fósseis, mesmo para manter viva a meta de 2°C”, acrescentou.

A manter-se o atual nível de emissões, a equipa do Orçamento Global de Carbono estima que há 50% de probabilidade de o aquecimento global exceder 1,5°C de forma consistente em cerca de sete anos. Ainda que sublinhando que esta estimativa está sujeita a um elevado grau de incerteza, os peritos enfatizam que “é evidente que o orçamento de carbono restante – e, portanto, o tempo que resta para cumprir a meta de 1,5°C e evitar os piores impactos das alterações climáticas – está a esgotar-se rapidamente”.

“Os dados mais recentes de CO2 mostram que os esforços atuais não são profundos ou generalizados o suficiente para colocar as emissões globais numa trajetória descendente em direção ao Net Zero, mas algumas tendências nas emissões estão a começar a mudar, mostrando que as políticas climáticas podem ser eficazes”, referiu a professora Corinne Le Quéré, professora investigadora da Royal Society na Escola de Ciências Ambientais da UEA.

O Orçamento Global de Carbono para 2023 aponta que “as tendências regionais variam dramaticamente”. Os especialistas preveem que as emissões em 2023 aumentem na Índia (8,2%) e na China (4,0%) e diminuam na UE (-7,4%), nos EUA (-3,0%) e no resto do mundo (-0,4%).

No que respeita ao tipo de emissões, as estimativas indicam um aumento de 1,1% nas emissões globais provenientes do carvão, de 1,5% do petróleo e de 0,5% do gás.

Prevê-se ainda que os níveis atmosféricos de CO2 atinjam uma média de 419,3 partes por milhão em 2023, 51% acima dos níveis pré-industriais.

A equipa de investigação incluiu a Universidade de Exeter, a Universidade de East Anglia (UEA), o Centro CICERO para Pesquisa Climática Internacional, a Universidade Ludwig-Maximilian de Munique e 90 outras instituições ao redor do mundo.