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Cientistas conseguem reverter perda de memória em ratos com Alzheimer

Terapia genética desenvolvida por investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona abre novas perspetivas para prevenir e tratar a doença, que afeta 90 mil pessoas em Portugal.
Imagem de cérebro normal e de cérebro com Alzheimer
Imagem de cérebro normal e de cérebro com Alzheimer

Investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona conseguiram, pela primeira vez, reverter a perda de memória em ratos com Alzheimer através da utilização de uma terapia genética, e depois de identificar a proteína que, ao ser bloqueada, impede a consolidação da memória.

A descoberta permitiu que os cientistas desenvolvessem uma terapia genética para reverter a perda de memória em estágios iniciais do Alzheimer em ratos, nos quais foi injetado no hipocampo, uma região do cérebro importante para o processamento da memória, um gene que provoca a produção de uma proteína que é bloqueada nos pacientes que têm a doença, a denominada "Crtc1" (CREB regulated transcripción coactivator -1). A proteína, restituída pela terapia genética, permite desencadear os sinais necessários para ativar os genes implicados na consolidação da memória de longo prazo.

Investigação é considerada um passo na direção de averiguar os mecanismos celulares que causam alterações na transmissão nervosa e a perda de memória nas etapas iniciais do Alzheimer

A confirmar a sua importância, a notícia da descoberta foi publicada na capa da revista científica The Journal of Neuroscience, onde é considerada um passo na direção de averiguar os mecanismos celulares que causam alterações na transmissão nervosa e a perda de memória nas etapas iniciais do Alzheimer, doença que afeta cerca de 90.000 pessoas em Portugal e que é a primeira causa de demência. Para identificar a proteína que estava bloqueada, os pesquisadores compararam a expressão de genes no hipocampo em ratos sãos e em ratos transgénicos nos quais foi provocada a doença.

Através de microchips de ADN, os cientistas identificaram os genes ("transcriptoma") e as proteínas ("proteoma") que se expressavam num e outro caso em diferentes fases da doença. Os pesquisadores observaram que o conjunto de genes implicados na consolidação da memória coincidia com os genes que regulam o Crtc1, uma proteína que controla também genes implicados no metabolismo da glucose e do cancro. Assim, os cientistas concluíram que a alteração deste grupo de genes poderia causar a perda de memória nos estágios iniciais da doença de Alzheimer.

Nas pessoas com a doença, a formação de agregados de placas amiloides, um conhecido processo que desencadeia o Alzheimer, impede que a proteína Crtc1 atue de maneira normal. "Quando a proteína Crtc1 é alterada, não se podem ativar os genes responsáveis pela sinapse ou conexões entre neurónios do hipocampo, e o indivíduo não pode realizar corretamente tarefas de memória" explicou à agência EFE o doutor Carlos Saura, responsável pela investigação. Segundo o cientista, "este estudo abre novas perspetivas para prevenir e tratar a doença de Alzheimer, já que demonstrámos que uma terapia genética que ativa a proteína Crtc1 é efetiva para prevenir a perda de memória em ratos de laboratório".

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