A Agência Europeia do Ambiente divulgou esta segunda-feira o relatório do estado da Natureza na Europa durante o período entre 2012 e 2018. O documento resulta de uma recolha de informação em cada um dos Estados-Membro. A Liga para a Proteção da Natureza ao que considera serem as “más notícias” deste “check-up à Natureza em Portugal e na Europa”, porque há um “mau estado global dos ecossistemas europeus, dos quais depende a saúde das populações e o bem-estar da sociedade”.
Os especialistas da União Europeia concluem que “81% dos habitats e 63% das espécies da Europa estão em declínio e enfrentam um futuro incerto se nada for feito para impedir a sua degradação”. Apontam três causas principais para esta degradação: a insustentabilidade da agricultura e exploração florestal intensivas, a expansão urbana e a poluição. Mas detalham várias ameaças à biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas como a poluição do ar, da água e do solo, a sobre-exploração dos animais selvagens através da captura ilegal, caça e pesca, a obstrução de cursos de águas com barragens, a expansão das espécies invasoras, as alterações climáticas, o abandono das práticas agrícolas tradicionais, entre outras. A tudo isto se soma a “falta de implementação e cumprimento das diretivas europeias pelos Estados-Membros”.
Sobre Portugal, o relatório aponta para que apenas 24% dos habitats estejam em bom estado de conservação. 72% estão em estado inadequado ou mau e 4% estão em situação desconhecida. As florestas são os habitats em pior estado de conservação: apenas 4% estão num estado considerado bom. Seguem-se os habitats costeiros com meros 12.5% a estar em bom estado. E 80% dos habitats do país que estão em estado inadequado terão tendência a degradar-se se nada for feito para o evitar.
A Liga para a Proteção da Natureza diz que estes números são “preocupantes” e que as florestas portuguesas “devem o seu mau estado de conservação, sobretudo, à ocorrência recorrente de incêndios, e ao avanço imparável, por ação humana ou regeneração natural, de espécies exóticas, como o eucalipto e as acácias”. No caso dos habitats costeiros, um dos problemas são o “apetite que têm gerado no sector hoteleiro, do turismo e da agricultura intensiva”.