CGTP e UGT apostam numa forte greve geral

26 de junho 2013 - 15:27

CGTP acredita em grande adesão que resultará numa enorme derrota do governo, UGT diz que a paralisação será um grito de insubmissão contra a austeridade. A greve geral desta quinta-feira é a quarta enfrentada pelo governo Passos Coelho/Paulo Portas e a segunda promovida pelas duas centrais sindicais.

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Nunca um primeiro-ministro enfrentou tantas greves gerais desde o 25 de Abril. Foto de Paulete Matos

Arménio Carlos, da CGTP, e Carlos Silva, da UGT, apostam na unidade das duas centrais sindicais para fazer uma paralisação nacional que signifique uma demonstração de total repúdio pelas políticas do governo de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas.

Arménio Carlos, da CGTP, acredita numa grande adesão à greve que resultará numa “enorme derrota para o governo”. Já Carlos Silva, da UGT, prevê que a greve geral será “um grito de insubmissão às políticas de austeridade”.

Quatro greves gerais

Nunca um primeiro-ministro enfrentou tantas greves gerais desde o 25 de Abril. A desta quinta-feira é a quarta contra Passos Coelho, a segunda convocada pelas duas centrais sindicais.

A primeira foi no dia 24 de novembro de 2011, contra o anúncio do governo de que iria suspender o pagamento dos subsídios de férias e de Natal a funcionários e pensionistas e contra o aumento de meia hora por dia no horário do sector privado. Esta última medida acabaria por cair meses depois.

Em 22 de março de 2012 realizou-se a segunda greve geral contra este governo, convocada pela CGTP, e que marcou a estreia de Arménio Carlos à frente de uma paralisação nacional.

A terceira foi no dia 14 de novembro de 2012, num momento em que o governo já tinha deixado cair a polémica redução da TSU e contestou o aumento de impostos, a subida do desemprego e o novo Código do Trabalho.

Arménio Carlos prevê muito apoio

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, prevê "uma grande adesão" à greve geral, que representará uma grande derrota para o governo, que pretende ver derrubado para conseguir um novo rumo político.

"Uma grande adesão dos trabalhadores à próxima greve geral corresponde a uma grande derrota do Governo e a uma fragilização da sua base social de apoio", disse, em entrevista à Lusa. O sindicalista entende que as perspetivas apontam para "uma greve geral muito boa" porque "há um grande descontentamento e indignação contra a política do governo" e sublinha que nos plenários que a CGTP tem feito, muitos têm sido os trabalhadores que votaram no PSD que manifestam a sua frustração e disponibilidade para participar na greve geral.

"Esta ofensiva é contra todos, independentemente das opções políticas ou sindicais", afirmou Arménio Carlos que deixou, no entanto, um alerta contra qualquer manifestação de violência e defendeu o direito à resistência.

Tolerância zero

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, vê a greve geral como um "grito de insubmissão" perante as políticas de austeridade impostas, numa altura de "tolerância zero" para com o governo.

"O que a UGT tem vindo a fazer enquanto parceiro social é, gradualmente, percorrer os degraus que nos levam a um determinado patamar e, com a greve geral, esse patamar é atingido. Tolerância para a negociação há sempre, mas a tolerância em relação a estas políticas de austeridade é zero", disse Carlos Silva também à Lusa.

O secretário-geral da UGT afirmou que "o dia 27 é o dia de um grito de insubmissão às políticas de austeridade", mas também "o último momento que o movimento sindical tem para dizer basta a quem nos governa".

"É o último recurso para dizer: meus senhores, chegou o momento de refletir e de perceber que o povo não aceita isto. A partir daí veremos qual será o grau de abertura do Governo em entender o clamor que se levantará no país e a partir daí tomaremos as nossas decisões e saberemos qual é o nosso rumo", reforçou.

Carlos Silva diz que "um governo que se confronta claramente com todos os parceiros sociais, da forma como o está a fazer, significa que é o dono da verdade absoluta e isso não existe em democracia, mas em regimes de ditadura e totalitários".

"Esta política implementada nos últimos dois anos falhou, não foi bem-sucedida. O país continua a empobrecer, o desemprego aumenta, a economia não cresce, os empresários não investem. Basta de políticas de austeridade que castigam o país, violentam as pessoas, penalizam os trabalhadores, os reformados e os pensionistas", disse Carlos Silva.