A manifestação é promovida pelos subscritores do protesto “Que se lixe a troika” mas recebeu também o apoio de outros movimentos, grupos e partidos políticos como os estivadores, os Precários Inflexíveis, o Bloco de Esquerda e o PCTP/MRPP que se juntaram à marcha.
Uma grande faixa com a frase “Que se lixe a troika queremos as nossas vidas” encabeça uma manifestação onde são exibidos cartazes como “troika só dá desemprego” , “troika e Governo rua” e “Merkel raus [rua]! E leva o Passos contigo” , “Fora, fora daqui, a fome a miséria e o FMI”.
Ao longo do percurso, os manifestantes cantavam a Grândola Vila Morena e entoavam palavras como “Governo, Merkel e FMI fora daqui”.
João Camargo, do movimento "Que se lixe a troika" disse à agência Lusa que esta manifestação é contra a chanceler alemã e contra o que representa, em termos políticos e económicos, isto é, “a austeridade nos países periféricos”. “É uma política de massacre contra os povos”, afirmou.
Os manifestantes fizeram um percurso entre o Largo do Calvário e a Praça do Império, passando pela Avenida da Índia. Chegando a Belém, encontraram um muro composto por grades que impediam o acesso mais próximo ao Centro Cultural de Belém.
As eurodeputadas do Bloco de Esquerda, Marisa Matias e Alda Sousa, bem como a deputada e dirigente bloquista Catarina Martins, também participaram na manifestação que contou ainda com a presença de alguns artistas. A atriz Sofia Nicholson disse à agência Lusa que participa no protesto “para contestar as medidas de austeridade e tudo o que representa a Angela Merkel”.
Os protestos acompanharam o percurso de Merkel por Lisboa
Cerca de 20 populares aguardaram a chegada da chanceler alemã ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, mas a saída de Angela Merkel por uma porta secundária impediu-os de lhe mostrarem o descontentamento com a austeridade. A chefe do Governo da Alemanha aterrou esta segunda-feira pelas 11h44, no aeroporto militar de Figo Maduro, mas acabou por não sair pela porta principal, evitando também os jornalistas aguardavam a sua chegada e evitando os manifestantes.
Logo depois, apitos, insultos e apupos marcaram a entrada e a saída da chanceler alemã Angela Merkel do Palácio de Belém, pela voz de algumas dezenas de manifestantes que concentrados nos jardins frente ao palácio.
Já em Oeiras, onde foi recebida por Passos Coelho, no Forte de São Julião da Barra, Merkel tinha à sua espera uma dezena de manifestantes. O forte encontrava-se cercado por dezenas de polícias, apoiados por outras tantas carrinhas de intervenção e um helicóptero.
O grupo de sete pessoas, que se intitularam ironicamente os "amigos da Merkel" foram até Oeiras para dar as "boas-vindas de forma especial" à chanceler alemã. "Já não viemos a tempo de almoçar com ela, mas deixamos-lhe aqui alguns recados sobre como está o nosso país", disse um dos manifestantes. Com mensagens escritas em alemão, o grupo quis mostrar o seu descontentamento pelo que se passa no país e mostrar à "senhora Merkel" que "ela não manda na Europa".
Centenas de pessoas concentradas no Largo Camões contra a Troika
Várias dezenas de pessoas concentraram-se no Largo Camões, em Lisboa, para participar na manifestação contra a troika, organizada pela CGTP a propósito da visita de Angela Merkel a Portugal. A marcha seguiu depois para S. Bento.
Os manifestantes exibiam bandeiras, cartazes e faixas da CGTP com palavras de ordem contra a troika da ajuda externa e contra a chanceler alemã e também cartazes a apelar à greve geral de quarta-feira.
Entre os manifestantes encontrava-se um grupo de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) vestidos com t-shirts pretas onde se lia “ENVC – Privatização = Morte”. A base da estátua de Luís de Camões esteve envolta com uma faixa vermelha onde se lia: “Nem Merkel nem Troikas” e “Não à exploração contra a Globalização”, descreve a Lusa.
Merkel quer “ajudar” mas recusa apoiar negociação do memorando
A chanceler alemã encontra-se esta segunda-feira em Lisboa, para uma visita oficial de cinco horas, que inclui reuniões com o Presidente da República, com o Primeiro-Ministro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e com empresários dos dois países.
Esta é a primeira vez que a chefe do Governo da Alemanha visita oficialmente Portugal e a deslocação acontece num momento em que internamente cresce a contestação ao memorando assinado com a troika.
A visita, segundo disse Merkel numa entrevista à RTP, este domingo, é “uma contribuição” para mostrar que a Alemanha “quer ajudar” e “para ver o que se pode melhorar na cooperação entre empresas para gerar mais empregos".
Angela Merkel afirmou também não haver motivos para Portugal renegociar com a troika ou pedir novo resgate, elogiando a coragem com que o Governo faz o ajustamento financeiro e ignorando os dados sobre a economia em recessão e o desemprego com taxas históricas em Portugal.