O governo nacionalista indiano está a desenvolver uma ofensiva repressiva na região de Caxemira, dividida e disputada com o Paquistão. Os principais líderes da oposição da zona controlada pela Índia foram colocados em prisão preventiva, as escolas foram fechadas, as ligações por telefone e internet foram bloqueadas, aumentou a presença militar em pelo mais dez mil soldados e as forças de segurança controlam os movimentos nas ruas e impedem qualquer concentração de pessoas.
A semana passada, o governo indiano tinha retirado da área milhares de turistas e peregrinos, alegando que existiam ameaças de terrorismo islâmico na região.
Para além desta repressão no terreno, o governo indiano revogou o estatuto especial da região, de maioria muçulmana, que lhe atribuía autonomia. Amit Shah, Ministro do Interior indiano, declarou morto o artigo 370 da Constituição anunciando que “toda a constituição vai ser aplicável em Jammu e no estado de Caxemira”. Assim, todas as disposições deste artigo, pensado para proteger a região da colonização vinda do resto do país, caem por terra. Caxemira tinha, por exemplo, empregos no setor público e colocações nas universidades locais reservados para os seus habitantes e estava em vigor uma moratória à compra de propriedades de pessoas de fora destas regiões.
O governo também avançou que irá dividir o território em dois. Segundo este projeto, a zona de Ladakh ficaria controlada diretamente pelo governo central, sem direito sequer a um governo local.
O secretário geral do Partido Bharatiya Janata (BJP), Ram Madhav, partido nacionalista hindu no poder, saudou a decisão do fim da autonomia como “um dia glorioso” e anunciou celebrações um pouco por todo o país.
Os nacionalistas indianos há muito que pretendiam acabar com o estatuto especial de Caxemira, uma região de maioria muçulmana que tem assistido a confrontos frequentes ao longo das últimas décadas. As tensões entre Índia e Paquistão estiveram ao rubro em fevereiro passado com atentados separatistas, aviões abatidos de ambos os lados e um ataque indiano ao lado paquistanês, alegadamente para destruir um campo militar rebelde, o que o estado vizinho negou.