Catarina diz que a “chantagem” do primeiro-ministro é “inaceitável em democracia”

20 de outubro 2020 - 12:32

Em entrevista à Rádio Observador, a coordenadora do Bloco diz que se um acordo falhar no orçamento, governar por duodécimos “seria uma irresponsabilidade” e era preciso “negociar outro”.

PARTILHAR
Catarina Martins em entrevista ao Observador.
Catarina Martins em entrevista ao Observador.

Esta terça-feira, Catarina Martins foi a convidada do programa “Sob Escuta” da Rádio Observador. O tema central da entrevista foi o ponto de situação das negociações sobre o orçamento. A coordenadora do Bloco disse que há uma “chantagem do primeiro-ministro” sobre uma crise política e que “é inaceitável em democracia” que António Costa venha dizer “que o Orçamento não passa se Bloco de Esquerda e PCP se juntarem à direita.” "Mas agora, de cada vez que o PS não negoceia, acha que a Esquerda se junta à Direita", questiona.

Contudo, garante que o Bloco está “a trabalhar” para haver “avanços” porque o partido responde à "chantagem da crise política" com a negociação do "concreto que temos pela frente".

Se o acordo à esquerda falhar, governar por duodécimos “seria uma irresponsabilidade”. "Espero bem que o primeiro-ministro não queira duodécimos porque aquilo que o país precisa é de um Orçamento do Estado que responda à crise e é nisso que o Bloco de Esquerda está muito concentrado", contrapôs. Para o Bloco, a solução alternativa aos duodécimos será “negociar outro” orçamento.

Durante a entrevista, Catarina Martins revisitou as prioridades que o Bloco colocou em cima da mesa de negociações com o governo. Sobre o Novo Banco, diz que havendo indícios de que “a Lone Star está assaltar” o dinheiro dos contribuintes não se deverá fazer uma nova injeção de capital sem conhecer o resultado da auditoria do Tribunal de Contas.

A propósito da nova prestação de apoio a quem perdeu rendimentos por causa da pandemia, a dirigente bloquista salienta que o Bloco aceitou a vontade do governo de impor uma condição de recursos. Mas a proposta do executivo tem de aumentar quer o valor do apoio quer a sua duração de seis meses para um ano, porque “não podemos dizer às pessoas que isto vai ficar resolvido em seis meses, porque não vai”.

Outra das divergências conhecidas é sobre o reforço de pessoal no Serviço Nacional de Saúde. Não o fazer é “meter a cabeça na areia”. E Catarina Martins acrescenta sobre estas contratações que “se queremos que os médicos e outros profissionais estejam no SNS, temos de lhe pagar a dedicação plena”.

O Bloco pretende ainda dificultar o despedimento, fazendo regressar a compensação paga aos trabalhadores aos trinta dias por ano de trabalho, como era antes das imposições da troika. O mesmo pretende sobre as compensação por caducidade de contrato a prazo. Propostas que, lembra, o Partido Socialista sempre defendeu. Por isso questiona: “porque é que o PS não é coerente?”.